quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Edição nº. 50






PAPO NA CONFRARIA: Leatrice Moellmann



1-O que te motivou a escrever?

 Meu instinto.

2-Cite três livros (e respectivos autores) mais significativos em tua vida.

 Incidente em Antares de Érico Veríssimo
 Dicionário de Português Schi faiz favoire de Mário Prata
 Papillon de Henri Charrière

3-Indique um livro (Literatura Brasileira) para leitura de: Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Superior.

Ensino Fundamental: As Reinações de Narizinho de Monteiro Lobato
Ensino Médio: Dom Casmurro de Machado de Assis
Ensino Superior: o livro deverá estar de acordo com a área específica cursada.

4-Como se dá o processo da escrita em tua prática cotidiana?

A minha prática se divide em “inspiração” e “transpiração”.

5-Fale sobre o apoio dispensado pelos setores público e privado à literatura.

O apoio está decadente, uma vez que  as ferramentas da tecnologia (computadores e afins) atualmente são mais valorizadas do que os livros.

6-Fale sobre o papel das Academias de Letras em relação à Língua e à Literatura.

As Academias de Letras são entidades estimuladoras do uso correto da Língua e da Literatura, entretanto deixam a desejar.


(*) Ocupante da Cadeira 07 da Academia Catarinense de Letras.

X-X-X-X-X-X-X-X-X-X

MATERNIDADE

Arrepender-te-ás talvez
como de uma suprema profanação
de teres um dia me vestido
de bagos e de gomos
e para eles depois te atirado
como um fauno sem lei.
Oh, não te arrependas não
que me deste glória e honra
pois eu só via o milagre da árvore estéril
carregada de frutos
e o sumo das uvas escorrendo
dos seios que nunca amamentaram.

(Maura de Senna Pereira, Sete poemas de amor, Edições Sanfona, Floripa, 1985)

X-X-X-X-X-X-X-X-X-X
 A EDITORA E AS FORTALEZAS DA UNIVERSIDADE (*)
     
 A magnífica reitora da UFSC pode indicar quem ela quiser para a diretoria da editora daquela Universidade, afinal ela foi eleita pela maioria da comunidade universitária. Só não acredito que o Patrimônio da União permita que ela venda ou alugue alguma das fortalezas históricas da Ilha de Santa Catarina. Planejadas como baluarte do regime colonial português, elas serviram de cárcere comum e de Estado, local de fuzilamento de heroicos catarinenses e singelos postos de meteorologia. Utilizá-las como cenário de casamento de dondocas deslumbradas ou shows de duplas sertanejas é outra história. Difícil de acreditar!
Quanto ao novo diretor da editora, vale lembrar que é aquele que em meados de 2005 negava a identidade econômica e cultural barriga-verde em artigos na mídia impressa, considerando-a orgulho eurocêntrico de um Estado que está na periferia do Brasil. Ignorava solenemente as raízes do povo catarinense, sua economia e sua cultura.
E promovia simpósios na UFSC para discutir a “subserviência econômica e cultural” e o “projeto europeizante” ao qual Florianópolis estaria submetida. E, como resultado dos eventos, considerava Floripa produto de consumo criado por publicitários, inserida num cenário frio que se transformou em campo de refugiados onde é cada vez mais difícil driblar a dor do exílio.
Além de ofender a inteligência de catarinenses, migrantes e turistas, revelava pretensiosamente que sua biblioteca particular era repleta de “livros parisienses”, querendo demonstrar uma erudição não bem confirmada em seus textos. Florianópolis não precisa de professores de linguística para julgá-la de forma artificiosa, míope e doentia, contestávamos no mesmo espaço. O novo diretor da EdUFSC foi agora entrevistado no ND, justamente na edição que estampa na capa uma bela manchete: Floripa é a melhor capital para se viver.
Nascido em São Paulo, o doutor em linguística é da mesma equipe que extinguiu a disciplina de literatura catarinense do currículo da Universidade. Indagado sobre a fatia do bolo dedicada à escritura catarinense, tergiversou: autores do Estado não perderão espaço e serão mantidas no catálogo. Só que a estratégia não segue a do Alcides, referindo-se a Alcides Buss, ex-diretor.
Desalojá-la do prédio em que se encontra é sua primeira missão. Só se espera que não venda, nem feche a Editora da UFSC. Com essa linha de pensamento e as ações expostas na entrevista, de catarinense ela não terá nada. Mas cuidado! Catarina, a Santa, costuma castigar aqueles que usam seu santo nome em vão.

(*) Artigo publicado pelo escritor e historiador João Carlos Mosimann no jornal Notícias do Dia em 01de agosto de 2013).

X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X

A REVOLTA DOS DEUSES 

Transbordo ópera na espreita
explosão nuclear, começo e fim
medos, tsunami, violação do instante

Abro as cortinas e entulhos se sobrepõem
transformações sísmicas
medos, lágrimas e espanto

Já é tarde demais
os Deuses já despem os véus


(Dora Dimolitsas, Poemas à flor da pele, vol. 5, Somar, Porto Alegre, 2011)

x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x


LI E RECOMENDO (4)

A Ilha dos ventos volúveis, escrito por Raul Caldas Filho e editado pela Insular em 2011 é o primeiro romance do autor que em linguagem acessível e contagiante nos transporta para uma época aparentemente mais amena, mas nem por isso menos turbulenta, no contexto da Ilha de Santa Catarina nos anos de 1940.

Renato Lima, carioca e Sérgio Gomes, nascido em São Francisco do Sul; dois jovens que chegam a Florianópolis com o objetivo de encontrar novos horizontes em suas respectivas vidas. “A partir daí, o leitor empreende uma verdadeira viagem rememorativa a então menor capital brasileira, erguida sobre uma bela ilha, com a sua paisagem deslumbrante, sua majestosa ponte, seus ventos instáveis, seus aromas e sonoridades, suas ruas estreitas, igrejas, praças e jardins. E através das ações, andanças e relacionamentos dos dois personagens, o leitor passa a conhecer a história e os costumes de uma cidade “onde as paredes têm ouvidos” e “um olho invisível” a tudo que parece acompanhar. À medida que eles vão se identificando com os habitantes e integrando-se à fechada sociedade provinciana, surgem figuras marcantes e peculiares, vivendo num tempo em que o mar e o porto exerciam função preponderante na vida local.”

“Disputas políticas, paixões, traições amorosas, rivalidades, mexericos, preconceitos, nomes reais que se misturam aos personagens e conflitos de gerações literárias, dão o necessário tempero à trama, que se desenvolve em diversos ambientes sociais, tendo como décor, além da luxuriante natureza, bares, restaurantes, clubes e lupanares.”

Raul Caldas Filho, expressivo contista, cronista e jornalista que nos brinda com esta romance, nasceu na histórica São Francisco do Sul, santa Catarina, em 1940, mas cresceu e fez seus estudos na capital do estado. É formado em Direito. Como jornalista profissional trabalhou ou colaborou com os principais jornais catarinenses a partir de 19063. Foi também repórter da revista Manchete durante dois anos (1967/68) no Rio de Janeiro e correspondente da editora Bloch em Santa Catarina. Já publicou dez livros entre ficção, crônicas, reportagens e textos variados. Participou ainda de dezenove coletâneas.
x-x-x-x-x-x-x-x-x

REGISTRO

LITERATURA IÇARENSE
 A Academia Içarense de Letras e Artes  promoveu a I Mostra da Literatura Içarense, no mes de julho passado, no Supermercado Giassi , da cidade de Içara. O evento teve por objetivo levar aquela academia às ruas da cidade para dialogar sobre a arte de escrever e divulgar a produção dos escritores içarenses a toda população.
A Aila foi criada por iniciativa dos escritores içarenses em 2008. Hoje conta com 33 acadêmicos, publicando em média 05 novas obras por ano. Para 2013, a Aila está preparando o lançamento de sua primeira Antologia. A Academia Içarense de Letras e Artes  pode ser encontrada no face ou site www.aila.com.br.
NOVOS ACADÊMICOS
A Academia São José de Letras deu posse aos escritores Marcos Antonio Meira, Kátia Rebello e Roberto José Pugliese, como seus mais novos membros. A sessão solene foi realizada no auditório do Centro de Atenção à Terceira Idade, localizado na Avenida Beira Mara de São José e foi presidida pelo escritor Artêmio Zanon, presidente daquela entidade.
BOLETIM DO IHGSC
Recebi o Boletim do Instituto istórico




Histórico e Geográfico de Santa Catarina número 174. Destaque para o Seminário “Portugal e Brasil – o papel dos agentes institucionais acadêmicos e culturais na perenidade das relações”. O evento contou com a chancela do Comissariado Geral Português com sede em Lisboa.

OFICINA

Estão abertas até 13 de agosto as inscrições para a oficina “Fotografia Gambiarra”, com o artista plástico Diego de Los Campos. Com elementos de custo baixo e fáceis de achar no mercado, ou reciclados, a oficina tem como proposta a fabricação de acessórios para máquinas fotográficas digitais, profissionais, compactas ou de celular. Os participantes fabricarão acessórios que serão usados para a realização de um trabalho em animação, vídeo ou série fotográfica. Cada aluno deverá levar consigo uma câmera, tripé, notebook, cartolina preta, papelão, cola quente, estilete, tesoura, fita crepe, celofanes, cristais, lupas, binóculos, e para recuperar lentes de câmeras, scanner, dvd e cd quebrados, um olho mágico para porta. As aulas ocorrem na Fundação Cultural Badesc de 19 de agosto a 9 de setembro, às segundas-feiras, das 8h30 às 11h30. São 15 vagas com preferência para professores da rede municipal de ensino. Inscrição gratuita pelo email arte.e.publico@gmail.com, informando nome, profissão e contato.

x-x-x-x-x-x-x-x-x

CONFRARIA DO POEMA-pn

Ser pai
É conduzir pela mão
e também com o coração.

É acompanhar cada passo
com amor e com razão.

É amanhecer cada dia
com esperança e retidão.

(Pinheiro Neto/ago/2013)









2 comentários:

  1. Meu amigo Pinheiro Neto, muito obrigado por sua gentileza em publicar meu Poema,seu blog é muito bem organizado, e contúdo de muito boa qualidade, sinto-me honrada. um abraço Dora Dimolitsas

    ResponderExcluir
  2. Transbordando sensibilidade nas linhas e entrelinhas!

    ResponderExcluir