terça-feira, 23 de abril de 2013

Edição nº. 46





PAPO NA CONFRARIA: JALI MEIRINHO (*)
       
1- O que te motivou a escrever?
    
 Na casa do meu avô, Emilio. Os livros andavam por lá.  Livros, jornais, revistas ilustradas, almanaques e, também, o rádio; lembro-me bem do Tico-Tico, o gibi nacional. Antes de frequentar o primário, eu já soletrava e desenhava letras. Depois, no ginásio, veio a ideia de um jornal manuscrito e, daí para Jornalismo e a História foi como água corrente no Itajaí-Açu.


2 - Cite os TRÊS livros (e respectivos autores) mais significativos em tua vida?

- A trilogia O Tempo e o Vento (O Continente -O Retrato – O Arquipélago)de Erico Veríssimo.
- Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre.
- Quando Nosso Mundo se Tornou Cristão, de Paul Veyne.


3 - Indique um livro (Literatura Brasileira) para leitura de:

a) Para alunos do Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries):  Qualquer  título da obra infanto-juvenil de Maria  de Lourdes  Ramos Krieger.

b) Para alunos do ensino Médio:  A Realidade Catarinense do Século XX - Coletânea do IHGSC, organizada por Carlos Humberto Corrêa.

c) Para alunos do Ensino Superior: Bichos Procuram Buracos em Paredes Brancas, de C. Ronald.



4- Como se dá o processo da escrita em tua prática cotidiana?

Na ficção, o escritor visualiza o branco da tela e cinzela o que flui da imaginação. Escrever História requer pesquisa, busca de dados, confronto de valores; abstrai-se o processo criativo. Após reunir o grosso das informações,o historiador tem que desemburrá-las, fazer escolhas sobre o que interessa ao leitor que busca conhecimento histórico.  É um dever, abstrair  o fictício da narrativa histórica. Tarefa difícil, porque depois que o mito contamina a verdade histórica, esta verdade torna-se, quase sempre, irrecuperável.
5- Fale sobre o apoio dispensado pelos setores público e privado à literatura.

     O apoio do Governo a literatura e, no sentido mais ampliado, as manifestações culturais, sempre foi e sempre será questionado. É notório o descaso das autoridades para com os valores culturais.  Ocorre que alguns governantes são mais competentes, cientes de sua responsabilidade; outros são omissos ou delegam atribuições a incompetentes. Já tivemos governo disposto acabar com a Biblioteca Pública do Estado. Importante é que as instituições, não vinculadas ao Poder Público,mantenham alerta para evitar ações demolidoras. E mais, que estas instituições implodam rochas na busca de diálogo vivo com o Governo de plantão.  Não se negará aplauso a quem usar vara de marmelo para disciplinar ação inteligente, nesta seara.


6- Fale sobre o papel das Academias  de Letras em relação à Língua e à Literatura?

Cumprir o preceito estatutário que reza: “Cultivar a língua vernácula e defender os valores da cultura nacional e estadual, principalmente no campo literário”.


(*) Ocupante da Cadeira 30 da Academia Catarinense de Letras.


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MIRO MORAIS NO REINO DA ACADEMIA DE LETRAS

Na edição de agosto de 2012 dei em primeira mão a notícia sobre o novo romance de Miro Morais, anunciando também sua candidatura à cadeira 20 da Academia Catarinense de Letras, cujo último ocupante foi Osvaldo Ferreira de Melo, eminente historiador, escritor e músico catarinense.

No dia 22 de abril último, passadas três disputas sem que nenhum dos concorrentes alcançasse o número de votos necessários, eis que Miro é eleito, para alegria daqueles acadêmicos que nele votaram justo por sabê-lo um dos melhores e mais consistentes romancistas de nosso estado.

Sociólogo, professor universitário, pesquisador, Altamiro Morais de Matos foi fundador e reitor de universidade no oeste de Santa Catarina, professor e Diretor da Faculdade de Educação, Superintendente da Fundação Catarinense de Cultura dentre outras funções públicas.

Como escritor, é autor de dois sucessos de mídia e de venda no país e no exterior, A coroa no reino das possibilidades e Cândido assassino. Seu novo romance, O reino dos esquecidos, será lançado em maio pela editora Insular.

Não tenham dúvidas, meus caros confrades da ACL, o Miro chega disposto a ajudar, quer contribuir, quer mostrar presença e serviço em favor da Literatura e de nossa entidade, que vive um período muito difícil, esquecida pelo Governo do Estado.

E é isso: na minha opinião, qualquer um que pretenda ser um membro da Academia Catarinense de Letras necessita: 1) conhecer o que diz todo o Estatuto daquela Casa;  2) incorporar seu objetivo maior,  “...cultivar a Língua Vernácula e defender os valores da cultura nacional e estadual, especialmente no campo literário...”; 3) ter a consciência de que para tanto é preciso antes de qualquer coisa ser escritor (escrever e publicar literatura – romance, novela, conto, crônica, poemas; produzir pesquisas,  ensaios, estudos, críticas sobre artes plásticas, literatura, folclore, cinema, história, cotidiano,  cultura enfim).

Eleito e empossado, todo acadêmico precisa assumir compromisso com a instituição participando cotidianamente de suas atividades, conhecendo e cumprindo seus direitos e deveres (artigos 14 e 15 do Estatuto). Destaque para “presença às sessões e pagamento das contribuições ou outros encargos fixados pela Assembléia”. Necessita também ter clareza: a) que é prudente menos empáfia e mais humildade e companheirismo; b) que não basta apenas ostentar o título e a medalha e marcar presença nos eventos mais solenes e “pomposos”, deixando nos ombros de poucos a responsabilidade de resolver sozinhos todos os problemas. c) que é preciso ter consciência da imortalidade acadêmica, não esquecendo em nenhum momento a mortalidade do acadêmico.

Parabéns meu caro, para ti e para aqueles, como eu, que acreditamos sempre! Valeu pela persistência e pelo destemor. E sejas bem vindo ao convívio de teus novos confrades!

Sobre o novo romance de Miro

O reino dos esquecidos, está estruturado em oito capítulos que sobrevivem por si só mas são costurados pela história do Barão de Vinhedo, Dom Manoel Manso, personagem central. São eles: Início da aventura; Rumo ao desconhecido; A construção dos sonhos; Um novo olhar; Origem de Mariano Paixão; O amor de Fábio Paixão; O reino ameaçado e Início final.
Dom Manoel manso, um fidalgo muito próximo ao Imperador, por razões misteriosas, abandona a corte no Rio de Janeiro e se lança à aventura de criar no Sul do Brasil um povoado onde as pessoas possam ser felizes. Para realizar o seu sonho não lhe basta dominar a natureza hostil e fascinante e aprender a conviver com ela. O seu projeto entra em conflito com as crenças e as regras, a ordem e a desordem e o Poder que reina sobre tudo e todos. E isso se transforma em mais uma ameaça para o seu plano e a sua vida.
Mas a determinação de Manoel Manso não tem fronteiras. Aos poucos ele atrai para sua idéia, vista como visionária, sobretudo, os que nada tinham. Nem bens materiais nem esperanças. E, logo, também os ambiciosos de riqueza e poder. E tudo vai se transformando em um universo com alma própria.
Pequenos e grandes heróis expõem suas paixões, seus ódios, seus amores, a traição e a solidão, suas esperanças, tristezas e alegrias. As suas múltiplas histórias se entrelaçam – em capítulos que se auto justificam – dentro de um enredo maior, onde convivem os aventureiros e os acomodados; os santos e os assassinos.
Para Dom Manoel Manso o ser humano é o seu santo e o seu demônio. E, dentro dele, perde o que ele conseguir mais fragilizar. E é esse desafio da liberdade que ele próprio, cada um dos moradores do lugar que fundou e o país se deparam todos os dias, todos os momentos, que o desencanta e fascina.

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SETE ANOS DA POEMAS À FLOR DA PELE

A qualidade das criações levou-nos a buscar cada vez mais o registro da palavra. Invadimos, assim, a internet com concursos, festivais de poemetos, e-books, onde fizemos brotar o desejo em promover e divulgá-la em todas as suas manifestações. 

Com este intuito, abrimos nossos trabalhos de antologias e coletâneas em 2008, pelo Congresso Brasileiro de Poesia de Bento Gonçalves/RS, para escritores iniciantes e consagrados do Brasil e de outros países, num processo que mais lembrava a música: afinando-se palavras.
 
Em 2010, criamos a Associação Cultural Poemas à Flor da Pele, com integrantes do Rio Grande do Sul e de outros estados e a Editora Somar para, nós mesmos organizarmos as publicações. 

São 7 anos de eventos memoráveis e livros marcantes, e neste volume 6, homenageamos a força da palavra, com destaque a 7 escritores: 
Doroty Dimolitsas, de São Paulo, Gladis Deble, de Bagé/RS, Pinheiro Neto, de Barra da Lagoa/SC, Sonia Maria Grillo, a B@by , de Vitória/ES, Sonia Medeiros Imamura, de Búzios/RJ, Telma Moreira, do Rio de Janeiro e Vany Campos de Porto Alegre/RS, que tiveram atuações poéticas e presenciais junto ao grupo que fizeram toda a diferença no processo de interação e crescimento do grupo Poemas à Flor da Pele. Estes sete integrantes significam apenas a simbologia dos 7 anos porque, na verdade teríamos 70 vezes 7 a homenagear.

Convidei meus amigos, adoráveis poetas Ana Luiza Conceição para fazer a orelha do livro, Iara Pacini para elaborar a capa e a orelha e Jorge D Barbosa para revisar o trabalho, ficou maravilhoso!

Poemas à Flor da Pele pode-se dizer que reflete a essência de viver, a poesia.
Clarice em seus devaneios fala o que Poemas pensa: 

Viver em sociedade é um desafio porque às vezes ficamos presos a determinadas normas que nos obrigam a seguir regras limitadoras do nosso ser ou do nosso não-ser... Quero dizer com isso que nós temos, no mínimo, duas personalidades: a objetiva, que todos ao nosso redor conhece; e a subjetiva... Em alguns momentos, esta se mostra tão misteriosa que se perguntarmos - Quem somos? Não saberemos dizer ao certo!!! Agora de uma coisa eu tenho certeza: sempre devemos ser autênticos, as pessoas precisam nos aceitar pelo que somos e não pelo que parecemos ser... Aqui reside o eterno conflito da aparência x essência. E você... O que pensa disso? 

(Soninha Porto, Editora Somar, Poemas à Flor da Pele, abril 2013)

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MOSTRA NUEVA MIRADA É EXIBIDA PARA ESTUDANTES 

Desde o dia 8 de abril, a Fundação Cultural Badesc recebe escolas de Florianópolis para exibição de filmes da Mostra Itinerante do Festival Internacional de Cinema Nueva Mirada para Infância e a Juventude. Ao todo, são dez programas disponíveis, que incluem curtas-metragens e longas de animação e ficção. As sessões para o público escolar ocorrem às 9h30 e às 15h30 e podem ser agendadas pelo emailarte.e.publico@gmail.com ou pelo telefone (48) 3224-8846, das13h às 18h. 

Os filmes são protagonizados por personagens de culturas e hábitos diversos, desde a América até a Europa. “Trata-se de longas e curtas-metragens de animação e ficção criados para que crianças, jovens e toda a família possam encontrar nos filmes um espaço de encontro e de comunicação que, além de divertir,motive a reflexão, a curiosidade e o prazer da descoberta”, diz a diretora do Festival Internacional de Cinema “Nueva Mirada” Suzana Vellegia.

O festival ocorre anualmente em Buenos Aires, na Argentina, é um dos mais importantes eventos do gênero no mundo e pela primeira vez vem ao Brasil através de uma parceria com o Sesc. De acordo com o presidente do Conselho Nacional do Sesc, Antonio Oliveira Santos, a Mostra possibilita que crianças e jovens, além de pais, professores e produtores culturais tenham acesso a uma cinematografia de qualidade, abordando questões relativas ao universo infanto-juvenil em diversos países. A partir de maio, a Mostra Nueva Mirada será apresentada por outras cidades de Santa Catarina. Contatos: Helena Stürmer (47) 9127-8113 e Fifo Lima (48) 9146-0251.

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ERRATA
Na edição anterior faltou a legenda da foto na entrevista Flávio José Cardozo. O escritor, aparece acompanhado pela bibliotecária Michelle Pinheiro, após palestra ministrada a alunos na cidade de Criciúma.
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CONFRARIA DO POEMA-pn
I
A pele das mãos
enrugada.
Nevos melanocíticos
cortam e cantam:
passado sem paixões.

II

Reúnem-se espectros
no pátio da vida.
Planejam o seqüestro
do tempo que resta.

(Nano poemas , Pinheiro Neto/2011)








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