quarta-feira, 24 de março de 2010

CONFRARIA DA LEITURA-pn
Pinheiro Neto (poetapinheironeto@gmail.com)



O QUE É LEITURA (2) – Continuando a reflexão sobre leitura, iniciada na edição passada, vejamos cada um dos quatro distintos passos didáticos para seu entendimento: a) Percepção e Compreensão = São as duas fases intimamente ligadas para que se perceba cada palavra à nossa frente. Quando vemos escrito bola, sabemos que é bola e não barco ou banco. Temos uma resposta ao estímulo visual, à configuração do sinal impresso, e, ao mesmo tempo a interpretação do que significa. Se lemos num jornal: “Choveu forte a noite toda”, nossa experiência anterior surge simultaneamente, num sincronismo absoluto com a percepção dos símbolos escritos e entendemos tudo o que a mensagem quer dizer. b) Reação = Quem lê, associa as próprias experiências – suas ou de outrém – às da página impressa. Compara-as julga-as, rejeitando-as ou integrando-as ao seu comportamento. Reagimos ao que lemos aprovando ou não os juízos, os pontos de vista, as conclusões do autor que é lido naquele momento. c) Integração de Idéias = Nossa reação é a medida do que vamos aproveitar daquilo que lemos, das experiências vividas pelas personagens que vão se transformar em nossas experiências. Integrando-as teremos um conhecimento mais aprofundado sobre determinado tema, podendo ou não modificar nossa maneira de sentir ou agir. Com a leitura de livros científicos e técnicos o homem conseguirá aperfeiçoar suas técnicas. Com a leitura de obras literárias o homem alcançará o prazer estético, as emoções, o entusiasmo por aquilo que é belo e nobre.

A PALAVRA EM CANTARES – É o novo livro do escritor catarinense José Curi, nascido em Rio dos Cedros aos 15 de agosto de 1931. Professor da UFSC (Filologia Românica) aposentado, é formado em Letras Neolatinas e Filosofia, Doutor em Letras e Livre Docente em Lingüística. É membro da Academia Catarinense de Letras, da Academia de Filosofia de Santa Catarina e do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. Escreveu vários livros nas áreas da pesquisa histórico-linguística, didática e literária.
Numa co-edição entre a Academia Catarinense de Letras e a Editora Garapuvu, o livro de poemas de José Curi “pretende ter nascido da alma, da liberdade, da honestidade, da fé em sendo a palavra princípio de toda ação, esquentando e fomentando idéias e pensamentos em cantares que amam, criticam, cantam, divertem e rezam”. Parabéns, meu mestre e colega de Academia!

BATUQUE BEM TEMPERADO – Livro de crônicas dos escritores Flávio José Cardozo e Jair Francisco Hamms, co-edição da Academia Catarinense de Letras e da Editora Insular foi lançado no final do ano passado. Cada um participa com vinte crônicas.
Para Mário Pereira, na primeira orelha, os textos do livro são de “impecável talhe que fluem como água límpida de um regato a correr sobre leito de seixos. Eles nos proporcionam momentos de refrigério e de encantamento.”
E ainda: “ Deste dueto de virtuoses, emerge a crônica com saborosos temperos e perfumes da terra amada. Quem entrar neste batuque em tão boa companhia dele sairá gratificado e de alma lavada, pois terá convivido com dois escritores de proa que se inserem na melhor tradição da crônica brasileira.”
Com extensa produção literária, Flávio e Jair são membros da Academia Catarinense de Letras, residem em Florianópolis e publicaram crônicas em diversos jornais do Estado.

PARA LEMBRAR – O trema foi extinto. A única exceção é para nomes estrangeiros e seus derivados, como por exemplo: Müller, mülleriano; Hübner, hübneriano.

BLUMENAU – Paulo Roberto Bornhofen é o novo presidente da Associação de Escritores de Blumenau. Desejamos pleno sucesso à frente da entidade. Aliás, Paulo lançou recentemente o livro Epicentro de uma tragédia, relatos e dramas de policiais militares que estiveram no centro da catástrofe que atingiu Santa Catarina em novembro de 2008. O livro foi lançado em e-book e pode ser acessado pelo site: http://www.blumenau.sc.gov.br

GREGÓRIO DE MATOS GUERRA – (1633-1696) Nasceu na Bahia. Suas obras, editadas por Afrânio Peixoto de 1923 a 1933, compreendem poesias sacra, lírica, satírica, erótica e “graciosa”. Até 1963 quando Manuel Bandeira editou “Poesia do Brasil”, as peças pornográficas de Gregório de Matos, como é mais conhecido, ainda não tinham sido editadas.



PONTO DO POETA

Meu verso
perde a força
a cada dia.

Meu corpo
cansado
volta à posição fetal.

Meu grito
inaudível
perde-se
no corredor branco
deste imenso manicômio.

(Ensaio 4, pg. 67, Minha Senhora do Desterro)