quarta-feira, 12 de setembro de 2012

EDIÇÃO 40







JOEL PACHECO E SEUS ANJOS

     O arquiteto, fotógrafo e programador visual Joel Pacheco convida para sua mais nova exposição fotográfica, “Anjos dos Açores e de Florianópolis”, de 10 a 30 de setembro às 10hs, no Shopping Iguatemi – Piso L2 ­ (Corredor de acesso ao fraldário) – Bairro Santa Mônica - Florianópolis. 
Na longa caminhada da humanidade para sua evolução, a presença dos anjos foi materializada em grande parte nos cenários da arquitetura religiosa.
Esta exposição traz à luz a beleza e a inocência dos anjos captados num olhar atento para algumas imagens fotografadas em ilhas como: Corvo, Santa Maria, Graciosa e Pico; integrantes do arquipélago açoriano em Portugal e anjos da Ilha de Santa Catarina em Florianópolis.
A religiosidade nos Açores é intensa desde o início da povoação. O território é fortemente marcado pela arquitetura religiosa que exerceu desde cedo o papel de proteção da população, além do isolamento caracterizado pelas condições geográficas através do mar que o rodeia e pelas constantes catástrofes como terremotos e erupções vulcânicas.
A presença européia no litoral catarinense data do início do século XVI, quando navegadores de diversas procedências ancoravam em suas duas baías. Um pequeno povoamento começa a partir de 1530, com a fundação das primeiras vilas da costa como: Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis).
Florianópolis recebeu também forte influência religiosa portuguesa com a chegada na região, de cerca de seis mil colonizadores açorianos e meia centena de madeirenses, entre 1748 e 1756.
Ao pesquisar sobre a arquitetura nos Açores, o autor se deparou com as feições carismáticas dos anjos nos diversos edifícios religiosos, o que lhe tocou e remeteu as lembranças do seu anjo da guarda de sua infância.
A beleza dos anjos se mistura a todas as áreas místicas e esotéricas, culturais e religiosas. Os anjos são classificados popularmente como vários tipos, tais  como: Anjo da guarda, Do amor, Curador, Salvador, Guia espiritual, Da coincidência, Co piloto, Incentivador, Da felicidade e prosperidade, Mensageiro, etc..
Tal plasticidade foi o que o autor tentou capturar através das lentes da sua máquina fotográfica, quando impressionado com as diversas expressões e riquezas de detalhes produzidas por verdadeiras obras de arte que transmitiam paz, delicadeza e pureza.
 “As minhas viagens são sempre cheias de surpresas, e eu tentei capturar esses momentos preciosos com devoção e com o olhar ingênuo de uma criança”, conclui Joel Pacheco.

Sobre o autor 
     Nascido em Florianópolis, Joel Pacheco é arquiteto, fotógrafo, programador visual e pesquisador de temas como paisagem, etnografia e cultura popular, em 2004, lançou o livro “Florianópolis a 10ª Ilha dos Açores – O Encontro das Origens” (atualmente na 3ª edição).  
O livro "A Canoa baleeira dos Açores e da Ilha de Santa Catarina" foi lançado em Dezembro de 2009 em Florianópolis e em Julho/Agosto de 2010 nas Ilhas do Faial e do Pico nos Açores/Portugal. Participou também como autor e co-autor de projetos e pesquisas vinculadas ao patrimônio cultural em Florianópolis e Açores/Portugal e ainda de diversos projetos gráficos: “Transporte Coletivo em Florianópolis” (livro); “Florianópolis Memória Urbana” (livro); “Atlas do Município de Florianópolis” (livro); “Fortalezas em Santa Catarina” (obra em CD rom); “Guia Digital, Caminhos e Trilhas de Florianópolis” (livro e CD rom); “Fortes da Cidade”; “Roteiros do Ambiente”; “Circuito Cultural de Florianópolis”; “Construir Cultura” (livro). Realizou várias exposições fotográficas e publicou diversas séries de imagens em livros, revistas, cartões postais e telefônicos no Brasil, Portugal e Canadá.

Ficha técnica
     A exposição é composta por 11 fotografias coloridas com tamanho 30x45 centímetros montadas sobre molduras douradas e vidro de 50x65 centímetros, sendo 5 imagens dos Açores e 6 imagens de Florianópolis e complementada por um banner de 50x120 centímetros de apresentação, contendo informações sobre a exposição.
    
OBS. As obras serão comercializadas com moldura ao preço de R$450,00 cada unidade.

Contatos:
 (48) 9971-4143


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A FLOR QUE ROÇA A PELE

contrai nervos
explode suores
versos brotam oscilam
entre o retrato e o sonho
infindos vestidos de infinito
à janela um luar enorme
céu pontilhado de estrelas
caem prata e úmidos
sobre a derme
que vibra intensa
libertando-se em poesia.

(Soninha Porto in Poemas à flor da pele, vol. 5, Ed. Somar, 2012)


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FUNCINE FAZ 23 ANOS  E LANÇA 4 FILMES


            O Fundo Municipal de Cinema de Florianópolis (Funcine) comemora 23 anos dia 14 de setembro, sexta-feira, às 20 horas, no Teatro da Ubro, em Florianópolis, com o lançamento de quatro filmes. Além da sessão de pré-estreias, serão abertas as inscrições para o concurso de vinhetas da entidade.
            Vão ser lançados os filmes Documentário, de Rafael Schlichting, Vento Sul, de Renan Cabral Fontana, O Travesseiro de Penas, de Jefferson Bittencourt, e Eles foram por ali, de Gabriel Bueno Almeida. Será exibido também Linha do Mar, de Felipe Vernizzi, que teve pré-estreia no dia 5 de setembro. Todos foram premiados e realizados com recursos do edital Armando Carreirão, do Funcine..
            Documentário apresenta depoimentos e encenações sobre o processo estético do diretor de cinema Rogério Sganzerla, O Travesseiro de Penas é sobre Alicia e Jordan, um casamento, memórias e uma doença desconhecida, Eles foram por ali faz uma breve imersão na cultura do graffiti de Florianópolis, e Vento Sul trata da revisão irônica de uma mulher sobre sua vida como bruxa. Linha do Mar fala de um personagem que foge durante a noite para dormir na areia da praia.
            O concurso da vinheta da entidade vai premiar o vencedor com R$ 3 mil. Os concorrentes devem entregar três versões, com 30, 15 e 5 segundos de duração. O vídeo será usado como imagem institucional nos eventos patrocinados pelo Funcine. Mais informações poderão ser obtidas em no sitewww.pmf.sc.gov.br/entidades/funcine a partir do dia 14 de setembro.
            Segundo Cláudia Cárdenas, presidente do Funcine, a entidade está preparando um boxe com 20 filmes realizados no período de 2004 a 2009, premiados pelo edital Armando Carreirão. Serão três DVDs, com tiragem de mil exemplares, e distribuição para as escolas públicas municipais de Florianópolis e cineclubes e pontos de cultura de Santa Catarina.
            O edital de cinema do Funcine, que premia anualmente oito projetos de curtas com um valor total de R$ 250 mil, é a principal ação da entidade de fomento ao cinema. Entre os curtas financiados pelo prêmio, estão Qual queijo você quer, de Cíntia Domit Bittar, que foi selecionado para 28 festivais, acumula 12 Prêmios e faz atualmente uma carreira internacional, e O Gigante, de Igor Pitta, recentemente concluído e ainda inédito, com seleção confirmada para o Festival de Málaga (Espanha), Festival Lucas (Alemanha), Festival de Cine de Bogotá (Colômbia) e para quatro festivais brasileiros, entre eles o Festival de Brasília.

  

OS FILMES

“documentário”, de Rafael Favareto Schlichting (Documentário/20’/2012/Joaçaba/SC, São Paulo/SP e Rio de Janeiro/RJ)
Sinopse: Documentário de depoimentos e encenações sobre o processo estético do diretor de cinema Rogério Sganzerla. Com Albino Sganzerla, Angelo Sganzerla, Zenaide Sganzerla Filha, Zenaide Sganzerla, Gilberto Gil, Carlos Ebert, Arrigo Barnabé, Jorge Mautner, Guilherme de Almeida Prado, Péricles Cavalcanti (entrevistados) e Gabrielle Lopes, Theo Castilho, Renata Fasanella, Alexandro Marques, Guilherme Baumgart, Ezequiel Machado, Dan Rossetto, Julio Martí, Breno Cavalcanti, Ingrid Lima e Janete Lindani (atores).

“O Travesseiro de Penas”, de  Jefferson Bittencourt dos Santos (Ficção/20'/2012/Florianópolis/SC)
Sinopse: Alicia e Jordan se casam e descobrem uma felicidade que ainda não conheciam. Mas apenas três meses depois, ela desenvolve uma desconhecida doença. Neste lento processo, misturam-se as memórias de Alicia com os tormentos de Jordan por se sentir impotente frente àquela situação. E um desfecho inesperado ainda está para acontecer

“Eles foram por ali”, de Gabriel Bueno Almeida (Documentário/23’/2012/Florianópolis/SC)
Na beira da praia ou numa viela entre prédios. À luz do dia – exposto aos olhares curiosos – ou de madrugada, instigado pela contraversão e afirmando a sua ilegalidade. Este documentário procura proporcionar ao espectador uma breve imersão na cultura do graffiti de Florianópolis, a partir de conversas e “rolês” com os praticantes dessa subcultura.


“Vento Sul ”, de Renan Cabral Fontana (Ficção/16’/2012/Florianópolis/SC)
Uma velha se joga do penhasco e vê a vida passar diante de seus olhos. De um parto macabro até o conflito com a comunidade na vida adulta, ela faz uma revisão irônica de sua vida como bruxa ilhoa.


“Linha do Mar”, direção de  Felipe Vernizzi
(Ficção/20’/2012/Florianópolis) (estou aguardando nova sinopse)
André é uma criança de seis anos de idade que mora próximo ao mar. Sonâmbulo, todas as noites ele foge em direção a praia, onde se deita na areia. Julia, a mãe de André, passa  redobrar a atenção com ele e levando ela criar uma estratégia para perceber as fugas do filho. Durante o sono do filho ela amarra um barbante entre os dois, percebendo assim a sua saída e lhe dando proteção. A história da um salto de quase 30 anos, André agora vive em uma metrópole, trabalha em uma grande empresa e tem uma família. Apesar de não ser mais sonâmbulo, ele tem sonhos frequentes com o mar qual passou sua infância, e esses sonhos o perturbam como se eles apontassem um vínculo importante perdido em sua vida. André decide ir à praia de sua infância com a família. 

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CONFRARIA DO POEMA-pn

A cada dia
mais nos conhecemos
a cada instante
mais nos adentramos.

O gozo é mais pleno
os corpos são mais um
os desejos mais perfeitos
as aventuras mais ousadas.

Somos mais nós
a cada dia:
o amor e a posse
a doação e o egoísmo
o orgasmo e a morte.

(Dia a dia, Pinheiro Neto/ Poemas reunidos, p. 183, 2012)


domingo, 2 de setembro de 2012

Edição 39





A POESIA FEITA ESPUMA EM SAMPA


No dia 17 ultimo tive a oportunidade ímpar de assistir no  Teatro Madame (antigo Madame Satã), na capital paulista, a peça “São Paulo surrealista 2: A poesia feita espuma”. Foi algo imediato, sem planejamento ou combinação. Tínhamos terminado a reunião com a Coordenação da Associação Poemas à Flor da Pele no Centro Cultural lá pelas vinte horas e a Célia Abila, perguntou o que iríamos fazer em seguida, falando-nos da peça em questão. Estávamos todos sem programa específico, o que nos fez aceitar o convite na hora. Rachamos um taxi e nos dirigimos para o Teatro.

Como chegamos cedo – a peça só começaria às 21 horas – procuramos um local para comer (e beber, é claro) alguma coisa. Percorremos a redondeza e nos deparamos com alguns bares onde os clientes estavam mais preocupados em beber cachaça e criar caso do que conversar sobre teatro ou literatura. Quase desistindo, voltamos para a frente do Teatro e, ao olharmos para o outro lado da rua, nos deparamos com uma mini lancheria exatamente com quatro mesinhas, por sinal, todas ocupadas. Observamos que a clientela que lá estava tinha como objetivo assistir a mesma peça que nós. Como não havia mais mesa, o garçom improvisou uma mesinha com um latão virado de boca para cima e um isopor redondo dentro. Excelente: comemos um belíssimo sanduíche e tomamos umas 5 ou 6 cervejas e estávamos prontos para a peça.

“Os poetas estão mortos. A população foi amansada na cidade onde nada mais é permitido. Só existe uma possibilidade de reparo: a palavra poética. A cidade que pariu e sufocou o poeta Roberto Piva treme com mais um ano eleitoral, como se isso importasse. Apelamos para a nova partícula descoberta e mandamos o Piva conversar com Deus, mas ele estava bêbado e tocando banjo. Em virtude desses acontecimentos, nos manifestamos solicitando: 1- a imediata transformação do Marco Zero e dos Shopping Centers em termas de livre acesso, pela localização estrategicamente privilegiada e espaço suficiente para receber jovens em idade de curiosidade; 2- jaulas para os fiéis que praticam homofobia caridosa; 3- reflorestamento do Memorial da América Latina; 4- adoção da obra de Rimbaud nas escolas para adolescentes e feijoada na merenda; 5- caixas de som tocando Villa-Lobos na Avenida Paulista; 6- livros de poesia Beat ao lado de microfones a cada dois quarteirões, para que o cidadão possa parar e ler em voz alta durante seu trajeto; 7- atualização periódica do “Necrológio” de poetas e artistas inteligentes; 8- teatro-samba; 9- taças de vinho distribuídas gratuitamente nos escritórios e agências bancárias.

Essas, entre outras solicitações que o espectador pode sugerir, contribuindo para que a vida recupere sua vocação sensual e lírica, são nossas propostas para cada apresentação de “São Paulo Surrealista 2: A Poesia Feita Espuma”, onde homenageamos a cidade eternamente escondida pela hipocrisia e pelas leis corroedoras da felicidade.”

O espetáculo muito bem encenado por um grupo de competentes jovens atores, promove a interação constante com a platéia e se coloca enquanto um ritual, não estando, portanto, sujeito às ações proibitivas da lógica ou da moral. Mortos e vivos caminham lado a lado em cena construindo a mística da capital surrealista do Brasil.

Cabe ressaltar que a peça apresenta como curador poético e suporte teórico o escritor Cláudio Willer que, em dado momento participa dela ativamente  fazendo a leitura de um texto por ele produzido. Parabéns a todos e a cada um dos integrantes do grupo e aí vai o endereço para quem estiver interessado em fazer contato: www.teatrodoincendio.com.br

Terminado o espetáculo, encontrando uma certa dificuldade em conseguir um taxi, compartilhamos o que o titular do blog Cronópios conseguira por telefone. Fomos embora de carona a Célia Abila, ele, eu e a Olívia, uma senhorinha, amiga do Cláudio Willer há mais de 50 anos que, corajosamente, viera desacompanhada até o Bairro Bela Vista para prestigiar o espetáculo e aquele escritor. (pn/2012)

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SALMO PARA O BEM AMADO

Imprecauções não ergo e sim ditirambos
e sim aleluias
e sim hosanas
às pedras e às dores do caminho.
Onde está a harpa do rei David
onde estão as cítaras hebréias
onde está Sulamita
e onde as virgens loucas?
A todas essas cordas e bocas eu conclamo
a todas ao meu lado quero
para ajudarem a bendizer a tormenta
que me arrebatou a primavera,
as geenas que padeci,
as pedras e as dores, as lutas e as revoltas,
a bendizê-las
porque foram elas que me aproximaram de ti.

(Maura de Senna Pereira [1904-Florianópolis a 1991-Rio de Janeiro], Sete Poemas de Amor, Ed. Sanfona, 1985)


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A POESIA NOS SEIS ANOS DA POEMAS


Afirmar que a poesia não tem mais lugar na vida das pessoas neste nosso mundo nanociberfacebloglobalizado é, no mínimo, uma sandice! Que a falta de tempo, a luta por sobrevivência, conflitos sócio-político-ideológicos, mobilidade urbana, violência, insegurança, drogas, educação, saúde e inúmeros outros problemas tornam o homem diuturnamente insensível, inapto para captar a beleza que está posta ao seu redor, é pior ainda.

Nunca se escreveu tanto, se leu tanto, se declamou tanto, se debateu tanto, se compartilhou tanto poesia como nos dias de hoje. De norte a sul de todos os países e principalmente do nosso, proliferam grupos, associações, academias, confrarias, cujo objeto de ação é a poesia. Nas esquinas e nos sinaleiros inúmeros divulgadores anônimos de seus escritos poéticos os distribuem na ânsia muito mais da leitura de quem os recebe do que das poucas moedas que lhes são oferecidas.

Poetas iniciantes com ou sem livros publicados, poetas consagrados, poetas de coletâneas, poetas de blogs ou do facebook, todos de alguma maneira vêm contribuindo para provar que o poema é e sempre será o gênero literário mais leve e ao mesmo tempo mais sério e preciso de levar poesia à alma das pessoas.

E o que a “Poemas à Flor da Pele” tem a ver com esse cenário? Tudo!

Criado em 2006 enquanto movimento de divulgação poética através do Orkut, “Poemas à Flor da Pele” vem se consolidando como um dos mais sólidos e dinâmicos espaços de agregação de poetas e de promoção de atividades culturais, artísticas e sociais, reconhecido em todos os continentes. Foram tantas as participações em eventos, feiras e bienais, promoções e co-promoções, edições de livros e e-books, que o grupo houve por bem oficializar o movimento, transformando-o em uma Associação Cultural.

À frente de todo esse processo está sua idealizadora e Coordenadora, a dinâmica escritora e promotora cultural Sonia Ferrarezi, mais conhecida como Soninha Porto. Seu trabalho hercúleo vem projetando nacional e internacionalmente não apenas o objeto de trabalho da Poemas, a nova poesia, mas e principalmente os poetas que integram o movimento e a Associação e que são o alicerce de tudo o que a Poemas planeja e executa. A garra e a competência de Soninha à frente da Associação tem contribuído para uma diminuição da (ainda) enorme distância entre escritor/poeta e aluno/leitor, uma vez que as atividades programadas e realizadas pela Poemas sempre tem levado em consideração a aproximação com escolas, professores e alunos.

Sabemos que nossas escolas toleram o que chamo de “livres incursões imaginárias” apenas no período da pré-escola ao trabalhar a educação sensorial. Após essa fase, a tendência é reprimir qualquer manifestação que esteja fora da linguagem articulada. Sabemos também que os cursos de formação de professores de Língua e Literatura no Brasil não “perdem tempo” com o ensino da poesia. Isto posto, como esperar que os alunos que se formarão professores aprendam a gostar e a trabalhar a Língua através desse gênero literário?

É preciso iniciar um processo sistematizado de desmistificação da poesia, quer no âmbito da formação dos professores, quer na formação dos alunos, principalmente no primeiro e no segundo grau.

De uma maneira geral, acredito ser necessário pensar em um ensino da poesia nas escolas que traga como alvo: o desenvolvimento do poder criador da criança; o desenvolvimento do poder criador da criança; o desenvolvimento da imaginação e da sensibilidade; a iniciação da criança no contexto da arte em geral, além da formação do sentido estético dessa criança.

Acredito também que a escola não poderá dar conta disso sozinha. Será preciso aliar-se, aparceirar-se com instituições que congregam poetas e estudiosos da poesia especificamente e da literatura como um todo, a fim de romper o academicismo intransigente e ultrapassado e deixar a criança, o estudante aprender a “escutar o ritmo do mar”, o que hoje só é permitido aos Poetas.

E é aí que entra o trabalho que vem sendo desenvolvido com competência e perseverança pela Associação Cultural Poemas à Flor da Pele durante esses seus seis belos anos de existência. Trabalho esse que é coroado com esta nova produção da Editora Somar. (pn/2012)

(PRÓXIMO LANÇAMENTO: Feira do Livro de Porto Alegre, dia 03 de novembro, das 18 às 22 horas)


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NOVÍSSIMOS (Poetas)

I – BLIMER

Largue a mão, estamos adiante
O acaso é mais belo que a história
Pois tudo é impalpável
Rastejando estou, aqui e agora
Sem amor, sem orgulho.

Porque fedes tanto, oh rio de dejetos?
Seja fostes tão belo
Quanto à recente arte inconseqüente,
É porque tudo foi traduzido cruelmente
Dentro dos sentidos dos olfatos em ação.

(Blimer, A eplepsia dos bastardos, 06/07/2012)

II – ADRIANA LEAL

São apenas sonhos...
Que levam a um mundo imaginário,
De encontro aos mais íntimos desejos...
Às vezes, tão profanos e tão puros...
Tão reais que se sente e se perde ao inventar.
O passeio pelo corpo faz calar
E num olhar invasor, faz tremer.
Delírio das longas noites quentes...
Sombra de um viver, deixa amar!

(Adriana Leal, Noite quente, do livro “Fechei os olhos para me ver”,2012, sobre o qual comentarei em brevemente)

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VALENTIN


            Com uma carreira de prêmios em festivais, o filme Valentin, de Alejandro Agresti, esteve em cartaz no dia 28 de agosto, às 20h, no Cineclube Pitangueira, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. O longa faz parte da programação do Ciclo de Cinema Argentino. A indicação classificativa é de 12 anos e a entrada é gratuita.

O filme é ambientado na Buenos Aires de 1960. Valentin (Rodrigo Noya) é um menino de nove anos que mora com sua avó (Carmen Maura), já que seu pai vive ocupado trabalhando e sua mãe está desaparecida desde a separação de seus pais. Solitário, Valentin divide seu tempo sonhando ser um astronauta e ouvindo as histórias contadas por sua avó.

Seu grande sonho é conhecer sua mãe, mas seu pai se irrita só de ouvir a simples menção do nome dela. Valentin passa a acreditar que possa ter enfim uma mãe quando conhece Leticia, a mais nova namorada de seu pai.

O Cineclube Pitangueira é uma realização da Cinemateca Catarinense e do Fundo Municipal de Cinema com o apoio da Prefeitura. Municipal de Florianópolis e da Fundação Franklin Cascaes.



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CONFRARIA DO POEMA-pn

A lifetime together
another live separated.
We are different:
while young
-vivid and eager-
without sentiments.

Now we are old,
sand inside the hourglass
fast going down
-by the gullet-
death exorcize.

(Poema Esparso/ Uma vida juntos/outra vida separados./Somos diferentes:/enquanto moços/ - vívidos e ávidos - / sem sentimentos./ Agora velhos,/ areia da ampulheta/ descendo rápido/ - goela abaixo -/ exorcismo de morte.)

 (Scattered Poem X- Pinheiro Neto/ Translation by Terezinka Pereira/2012)