quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Edição 41




HOMENAGEM AO ATOR ÉDIO NUNES

A Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes  entregou no dia 29 de setembro o Troféu Isnard Azevedo ao ator Édio Nunes, em reconhecimento à contribuição dada por ele ao teatro catarinense. A homenagem encerrou a programação do 19º Floripa Teatro – Festival Isnard Azevedo 2012, juntamente com o espetáculo “R&J Shakespeare – Juventude Interrompida”, apresentado pela Sevenx Produções Artísticas (Rio de Janeiro/RJ).

A honraria ao veterano ator Édio Nunes marca também os 50 anos de carreira do integrante e fundador do Armação, um dos grupos teatrais mais antigos em atuação no País.

Do futebol para o teatro

Nascido em Florianópolis, Édio Nunes de Sousa foi, na década de 1970, um talentoso jogador de futebol, com passagens por times como  Juventus e  Palmeiras, e participação em campeonatos catarinenses e brasileiros. Mas, uma fratura no braço e uma lesão no joelho tiraram dos campos, aos 21 anos, a jovem promessa do futebol de salão de Santa Catarina. Entretanto, se o esporte catarinense perdeu um atleta, a cultura pode festejar em 2012 o cinquentenário de carreira de um de seus mais respeitados atores.
A aproximação com o universo das artes iniciou por acaso, aos 18 anos, a partir do convite de colegas do curso de direito da Universidade Federal de Santa Catarina, em 1962, mesmo ano em que entrava na faculdade. Embora desconfiado, Édio aceitou assistir a um ensaio no antigo Tusc (Teatro Universitário de Santa Catarina) e, a partir dali, não largou mais o palco.
A primeira participação teatral ocorreu com a peça “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, no Tusc, onde interpretava um cangaceiro, com direção de Odília Carreirão Ortiga. Com a mesma diretora, encenou também “O Santo Inquérito”. Ao longo de cinco décadas, atuou em mais de 50 espetáculos e outras 40 produções audiovisuais, além de fazer diversas participações em rádio e televisão.
Com passagem pelos grupos de teatro do Sesc, Sesi, Clube 6 de Janeiro, O Dromedário Loquaz e Grupo A, Édio Nunes estabeleceu-se no Grupo Armação, coletivo teatral que ajudou a fundar em 1972 e ao qual está vinculado até hoje. Em 1982, o grupo passou a ocupar um prédio histórico, na Praça 15 de Novembro, onde estreou o espetáculo "Zumbi", de Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal e Edu Lobo, com direção de Oraci Gemba, que foi espetáculo com maior público obtido pelo grupo, e “Os Órfãos de Jânio”, de Millôr Fernandes, com direção do cenógrafo e arquiteto Paulo Rocha (1988/1989 e 1990).
Entre as peças encenadas ao longo da carreira, Édio Nunes destaca ainda "Ana de Jesus - Auto das Cartas", direção e texto de Augusto Sousa, peça encenada com o Grupo Cena 11 (1995); "Sim, Eu Sei", de Fábio Brüggemann, direção de Nando Moraes e participação da atriz Berna Sant'Anna (1992); e "Contestado - A Guerra do Dragão de Fogo contra o Exército Encantado", direção e texto de Antônio Cunha – espetáculo concebido para marcar os 30 anos de criação do Grupo Armação (2003).

Grupo Armação

Criado em 1972, o Grupo Armação estreou em Joaçaba, com o espetáculo “Contestado”, do autor catarinense Romário Borelli, tendo na direção geral Augusto Sousa. O nome foi originado a partir da ideia de carpintaria teatral com um ponto turístico de Florianópolis.
Desde então, o Armação tem mantido atividades ininterruptas, somando cerca de 70 espetáculos de autores da dramaturgia internacional e nacional, dedicando atenção especial à produção teatral catarinense. O grupo circulou por diversos estados e participou de inúmeros festivais, apresentando-se tanto em espaços tradicionais quanto em palcos alternativos, instalados em escolas, ginásios, bares e até em carroceria de caminhões.
Atualmente, o grupo administra o próprio espaço, denominado Casa do Teatro, no centro histórico, transformada em um teatro de bolso, desde 1986. Entre os integrantes do grupo destacam-se Zeula Soares, Ademir Rosa, Sandra Ouriques, Chico de Nez, Antônio Cunha, Waldir Brazil, José Carlos Ramos, entre outros nomes.
O Grupo Armação, que completa 40 anos em 2012, um dos mais antigos em atuação no País, comemora o aniversário, apresentando ao público o espetáculo “Ao Vivo e Em Cores”, inspirado e adaptado a partir das crônicas do jornalista e cronista Sérgio da Costa Ramos. O espetáculo fez parte da programação do 19º Floripa Teatro – Festival Isnard Azevedo.


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ENLACE MATRIMONIAL

O amor
se fez
maior
ser dois
já não podiam

em matrimônio
se uniram
e agora
em antítese amorosa
um apenas.

(Clau Assi in Poemas à flor da pele, vol. 5, Ed. Somar, p. 50, 2012)


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CINECLUBE IEDA BECK AGORA NA FCBADESC


 O Cineclube Ieda Beck está funcionando desde setembro na sala de cinema da Fundação Cultural Badesc, de Florianópolis. Com uma programação voltada para o cinema produzido em Santa Catarina, a primeira sessão do cineclube na sua nova casa ocorreu no dia 19 com exibição de Cine Art 7, os descaminhos da memória, de Phelipe Janning, e Gerlach Cine Desterro, direção coletiva realizada durante oficina de produção do 13ª Catavídeo.

O Ieda Beck foi inaugurado em 26 de março de 2009, no Grupo de
Teatro Armação, na Rua Praça XV de Novembro, com exibição do documentário Luiz Henrique, no Balanço do Mar, uma realização da diretora e produtora que dá nome ao cineclube. Desde então, foram realizadas sessões itinerantes e no Instituto Arco-Íris.

Com foco no curta-metragem, serão privilegiadas sessões temáticas no Ieda Beck. O tema de inauguração da nova casa do cineclube é a memória e homenageia duas salas de cinema importantes para quem procura a cinematografia produzida fora do eixo norteamericano. Cine Art 7, os descaminhos da memória, documenta a última sala de cinema de rua de Florianópolis, que era administrada por Darci Costa e Alberto Ferminiano.

O segundo filme em cartaz, Gerlach Cine Desterro, aborda a história do escritor e cinéfilo Gilberto Gerlach e sua relação com o Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, criado por ele em 1968, e que funcionou durante mais de 25 anos no Centro Integrado de Cultura.
          


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CONFRARIA DO POEMA-pn

O corpo nu
Sob a mesa:
Sobremesa poética.

O corpo jaz
Sobre a mesa:
Lágrimas em verso.

Meu verso nu
Sobre a cama:
Estupro poético.

(Nano poemas II, Pinheiro Neto, Poemas à flor da pele, p. 141, 2012)