segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Edição nº. 66






 PAPO NA CONFRARIA: ROBERTO RODRIGUES DE MENEZES



1-    O que te motiva a escrever?

A busca do belo, de uma perfeição com certeza impossível. Meu grande motivador foi um professor de Brusque, onde cursei o que na época se chamava ginásio, talvez a minha melhor faculdade, no seminário de Azambuja. O cônego Valentim Loch, já falecido, foi meu grande incentivador. Ela escrevia de forma clássica e procurava passar isso para os alunos que ele considerasse numa média acima dos outros. Hoje meus poemas seguem a rima e métrica escorreitas, clássicas, porque desde a adolescência fui ensinado assim. E é o que eu realmente gosto.

2-    Cite os TRÊS livros (e respectivos autores) mais significativos em tua vida?

Quando cursava a quarta série do curso primário minha mãe, outra grande incentivadora, me comprou a obra completa de José de Alencar, em vinte volumes. Sem tevê, sem videogame, com tempo, eu lia, e muitas vezes recorri ao dicionário. Aos onze anos já conhecia toda a obra do grande cearense romântico. Cito Senhora, Lucíola e, numa outra fase, Os irmãos Karamazov, de Fiodor Dostoievski. Sempre tive fascínio por autores e compositores russos.

3-    Indique um livro (Literatura Brasileira) para leitura de:

a)     Alunos do Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries)

Memórias de um menino pobre, do saudoso amigo Norberto Cândido Silveira Júnior, que trabalhou comigo no governo Konder Reis, membro da ACL.

b)     Alunos do Ensino Médio

Dei aulas no ensino médio e utilizava muito os poetas do século dezenove, com ênfase para Luiz Delfino, Casimiro de Abreu e Gonçalves Dias. Indico Os Timbiras, deste último.

c)     Alunos do Ensino Superior

Minha formação, de Joaquim Nabuco.

4-    Como se dá o processo da escrita em tua prática cotidiana?

Escrevo para jornal, redijo a revista de cultura da Academia dos Militares Estaduais, além de procurar escrever um livro por ano, não abdicando da qualidade. Participo também de Antologias diversas. Organizei o Livro dos Patronos da Academia dos Militares, que sai este final de ano. Como tenho deficiência visual acentuada e não dirijo, meus anseios de socializar para as escolas o pouco que aprendi foi muito atenuado. Trabalho ainda nos órgãos de formação da Polícia e Corpo de Bombeiros Militares, o que já me toma bastante tempo. Reconheço que não sou um autor popular, especialmente nos poemas, onde o clássico sempre permeia o processo. Mas é o meu estilo.



5-    Fale sobre o apoio dispensado pelos setores público e privado à literatura.

Penso que no Brasil o apoio é muito incipiente. Vejam que em Buenos Aires há mais livrarias que o Brasil por inteiro. Uma ideia seria colocar uma biblioteca em cada escola, seja pública ou privada. Não sou venerador do estado, que hoje considero muito enxerido na vida do cidadão. Mas a Educação, pelo menos a básica, deveria ter forte apoio do setor público.

6-    Fale sobre o papel das Academias de Letras em relação à Língua e à Literatura?

Penso que o papel ainda é pequeno. Formamos talvez uma elite, e alguns permanecem no limbo. Mas a manutenção da norma culta considero essencial nas academias, uma vez que tentativas de esquartejá-la são cada vez mais comuns.


Roberto Rodrigues de Menezes, nascido no dia 7 de Novembro de 1949, em Florianópolis, é coronel da Reserva da Polícia Militar catarinense. Membro de quatro academias literárias, tem dez obras publicadas nas áreas de contos, poemas, crônica, história e biografia. Preside a Academia de Letras dos Militares Estaduais de Santa Catarina.





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DA SÉRIE “POETAS MULHERES” – 8




(Escultura feminina de Elisa Zatera, artista plástica de Caxias do Sul/RS)





BUSCO A PALAVRA

Não a que vem de mitos nem de lendas
a que traz resquícios do passado
nem mesmo dos bosques frescos do porvir
em que por vezes me hei refugiado.

A palavra que decerto jamais escreverei
pois a que tenho escrito – tenho rasgado
por imprecisa, inócua, ataviada.

Breve ou não, quero-a brava e exata
espelhando o homem do meu tempo.

Busco a palavra em que lateje o presente
a hora que o relógio marca
fim de centúria e de milênio
era superapocalíptica.

Nem o transato nem o amanhã
só esta hora mesma e conflagrada
                                        de agora
na palavra em que meu semelhante veja
                                        a sua face
e nosso tempo em meu texto
e diga: está certo, irmã.


+ Maura de Senna Pereira/SC (Cantiga de Amiga, Achiamé, 1981)


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DEZEMBRO


dezembro
traz nos ombros
o peso
de onze meses

chumbo ou ouro
dezembro só quer
o de sempre

encerrar o expediente
com chuva
de estouros


Valéria Tarelho/SP (Livro da Tribo, 2014, pg. 398)


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PÉTALAS DESFOLHADAS


Mornas despedidas
Atiradas ao relento
É como uma luz perdida
Nas sombras do pensamento.

Lá fora uiva o vento
Levando até os rebentos
Das flores de meu jardim
As pétalas desfolhadas
Choram em mim...


Vani Nunes/RS (Relicário, 2014, pg. 44)


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Grafite, sem assinatura. Lagoa da Conceição/Floripa.



EM TEMPO!

Tem tempo aqui
Em tempo lá
Espere agora
Não vá embora
Seu perfume ainda aqui
E aquele livro...
Não terminou ainda
Nem àquelas horas
Dentro de nossa historia
Tem tempo aqui
Em tempo lá...
Não vá embora
Temos a nossa historia...

DúKarmona/SP (Face, 17/11/2014)

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COMO E QUANDO

Vai, saudade!
Despacha-te breve,
faz minh’alma leve
de pesares e ausências.
Vai com pressa,
deixa-me a surpresa dos reencontros,
sem saber como e quando,
que sobreviva o porquê.
Leva contigo a tristeza,
deixa-me alguma leveza
e a inteireza de viver.
Vai, saudade!
Deixa-me aqui, sossegada,
até que alguma estrada
reinvente-se nas madrugadas insones.

Rosangela S. Goldoni/RJ (09/11/2014)

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ALHEAMENTO

Se sou abstrata
não me definas
deixe-me ser
compor meus pontos
Bailo na lógica
pulo nas margens
constelo prismas
É no quântico
que não me alcanças
surreal tua prisão
já não me tens
Sensorial, ilógica
fujo do teu pragmatismo
Concreto é teu mundo
respiro, diluo, evaporo
Fui te encontrar
logo em um teorema
e inexata, sobrevivi!

Ana Luiza/RS (Face, 19/11/2014)

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Arte em café de Michele Espíndola (Café Mineiro/Lagoa da Conceição/Floripa)





SEGREDO

Entre sombras e arvoredos
o sabiá guarda os segredos
das flautas do meu cantar.

E os caçadores lá de longe
ouvem mas não sabem onde
canta em mim um sabiá...

E assim me leva a vida
cantando despercebida
sem poder me desvendar...

Mary Lovely/SP (2014)


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SEM OBRIGAÇÃO

rabiscos desobrigados
ágeis e soltos
sem pressa
maturam-se às verdades
da alma paciente

no frescor das verdes
impossibilidades
esbarram-se
aos ímpetos
nas rimas preguiçosas

Soninha Porto/RS (doEu, Alcance, Porto Alegre, 2009, pg. 83)


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UM OLHAR DENTRO DO MEU



Não vivi setembro, ele passou por mim em vão
qual uma nebulosa apagada, silenciosa...
Até minh’alma, como desprendida do chão,
sentiu sequer o perfume de uma rosa.

Como as folhas desgarradas de um arbusto,
rolo da mente a busca de entendimento.
Vezes compreendo as perdas e o injusto,
outras vezes, alheio-me em descontentamento.

Agora só espero outros sóis, em setembro,
outras baleias que venham em mês de novembro,
as quais, do alto, nunca avistei por aqui chegar.

Agora vasculho, dos campos, guardadas
entre as fotos de folhas mais amareladas,
um olhar de primavera dentro do meu olhar.


VANIA VIANA/AL ( Face, 01-10-2014 ) 


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RECONHECIMENTO


Estranho seria
se eu não sentisse
essa paixão pela vida
da maneira mais exaltada e inquieta
que me é possível
que não me permite o sossego
dos que assistem a vida passar pela janela

Estranho seria
eu não me excitar
com o toque  distraído
da sua mão na minha pele
desencadeando uma onda de choques
pelo corpo todo
esperando muito mais
daquele momento


Estranhos os meus sentidos
que não são sentidos
vibrando em faixas diferentes
tentando se comunicar
encontrar uma sintonia
limitados a razão
que pesa


CRIS M. BIANCO/RS (Face, outubro 2014)



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DA SÉRIE CRÔNICAS





SAUDADES DO PAULO FRANCIS


Vendo a fotografia da Madonna ali no jornal e a matéria afirmando que a pop-star viria ao Brasil, foi que me lembrei do Paulo Francis “não tem voz alguma, apesar de todos os alto-falantes. Se movimenta paca, mas, se aquilo é dança, minha avó é bicicleta”. 

Num tempo em que tudo parece estar nivelando-se, a opinião pública, o senso comum, a moda, os costumes à semelhança de um líquido esparramado num chão de relevo atípico, preenchendo as frinchas, ocupando desníveis, se adaptando as novas formas que o absorva até que não lhe sobre nem ranhuras, nem saliências e nem reentrâncias, apenas a superfície lisa do acomodamento que lhe convém, então já não conseguimos fazer a distinção entre o que foi o líquido e o que era sólido, restando esta geleia amebiana com a qual temos de conviver, mas é dose.
Em sendo um outsider, sinto falta da voz discordante: do mano-a-mano dos homens livres que diante das obviedades (penso em Darcy Ribeiro) alimentam um único desejo, o de ridicularizá-las.

Sobre João Gilberto (já que peguei o gancho da música) a propósito de sua nova temporada, aos 76 anos, especula-se que ganhará no final mais de R$2 milhões, disse o Paulo Francis “Se notou logo que cantava como Chet Baker, mas isso como Wagner tira de Liszt (que agradeceu, dizendo que assim passaria à história...), quer dizer, se inspirou apenas, em Chet, para seus solos e musicalidade. Nem Tom, seu rival mais próximo, tem a musicalidade de João, o timbre, o afinamento, a certeza, que parecem vir das entranhas”. 

Mas o Francis opinava, em sua coluna “Diário da Corte” (uma sugestão do jornalista Claudio Abramo quando estava na Folha de São Paulo) o nome era uma piada, mas emplacou. Falava de livros, teatro, música, cinema, ópera, política e economia, viagens, restaurantes, comidas, bebidas... Sempre com a verve que lhe era peculiar. Podia não se concordar sempre com ele, mas era impossível passar indiferente ao que dizia. Quando saiu da Folha para o “Estadão”, sai também, como aqueles garçons que mudam de bar para trabalhar e levam junto os “seus” clientes.

O humorista Jaguar quando escreveu durante certo tempo para um jornal paulista mantinha uma coluna chamada “Notícias do Balneário” uma maneira de homenagear o Francis (notem as semelhanças dos nomes) e ironizar os valorosos trabalhadores paulistas... Também a minha página (junto com a jornalista Emília Teixeira) “As Últimas da Provyncia” (assim mesmo com “y”), mas que nunca saiu do plano das ideias e breves ensaios que enviávamos para outros colunistas glosando o nosso papel, valia pelo humor. Falei do Jaguar, lembrei do “Pasquim” (Tarso de Castro, Millôr Fernandes, Ziraldo, Luis Carlos Maciel, Fausto Wolff (alô velho amigo, mais amigo que velho?), Ferdy Carneiro, Ivan Lessa, os irmãos Caruso, Henfil, Mário Prata (onde você anda?), Nei Duclós (você está aí?) e uma penca de gente de talento, bem humorada e insubmissa. O Francis achava que não era só o humor que tinha vendido tanto “O Pasquim” afirmava “foi a censura que vendeu o jornal. Censurados, não podíamos espinafrar o regime, logo tivemos de dar asas à nossa imaginação, como dizem, e não cair nas reclamações monocórdicas típicas da esquerda”.
Sobre jornalismo, dizia Francis “a glória da imprensa foi feita por gente com opiniões fortes e inconformistas”. Ainda sobre a música, afirmava “os baianos vem para o Rio de Janeiro cantar “ai que saudades que sinto da Bahia”, bem se foi por falta de adeus. Pt e saudações”... Falando sobre a morte, foi contundente “... Se houver outra vida e eu tiver alguma mobilidade, prometo levar o meu ectoplasma para Brasília e infernizar essa canaille”.

Francis faz falta!

(Olsen Jr. A crônica de domingo, Jornal A provyncia, 07/12/2014)                            



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LI E RECOMENDO (8)




CARTAS AO PAI


Foi há muito tempo. Acho que eu tinha uns vinte e cinco anos. Antes tinha lido O processo, A metamorfose, O castelo e América ou o desaparecido, desse autor magnífico que é Franz Kafka. Quando chegou-me às mãos, comprado em um sebo, foi uma bênção. Já ouvira valar muito sobre ele mas, por um motivo ou outro, as chances de tê-lo e reservar um tempo para sua leitura sempre deram lugar a outras prioridades e outras leituras. Nem lembro a editora. Lembro apenas de dei-o de presente a um amigo que ficou interessado após meus comentários sobre a obra desse autor cujo reconhecimento só se deu após sua morte.

Hoje, através da releitura desse fenômeno que é Carta ao pai, uma edição de bolso da L&PM comentada, com tradução, organização, prefácio, glossário e notas de Marcelo Backes, compartilho com vocês recomendando-o neste espaço.

Transcrevo a seguir o texto que consta da contra capa dessa edição da L&PM com o título “A mais íntima obra de Franz Kafka”:

Entre os dias 10 e 19 de novembro de 1919, Franz Kafka, insatisfeito com a fria recepção paterna diante do anúncio de seu noivado com Julie Wohryzek, escreveu ao pai, o comerciante judeu Hermann Kafka, uma longa carata – mais de cem páginas manuscritas. Kafka tinha então trinta e seis anos, uma vida pessoal acanhada – nunca se casara ou constituíra família -, uma carreira mediana de funcionário burocrático e uma ambição literária ainda longe de estar realizada. Na carta, que nunca foi enviada ao destinatário original, Kafka põe a nu toda a sua mágoa em relação ao pai autoritário, que ele chama, alternadamente de “tirano”, de “regente”, de “rei” e de “Deus”. Em uma experiência virtuosíssima de auto análise, além de uma belíssima peça literária, ele mostra como, a seu ver, o jugo paterno minou-lhe a auto estima, condenando-o a uma personalidade fraca e assustada.

Além de disponibilizar ao leitor um dos textos mais emocionantes da literatura ocidental, essa edição da L&PM dá a devida dimensão biográfica à Carta. A leitura da carta e do material que a envolve joga luz sobre o drama humano universal do autor e ajuda a compreender sua imensa angústia, capaz de gerar obras primas como O processo, A metamorfose, América ou o desaparecido, entre outras. Como escreveu o filho ao pai: “Minha atividade de escritor tratava de ti, nela eu apenas me queixava daquilo que não podia me queixar junto ao teu peito”.

Franz Kafka nasceu em três de julho de 1883, filho mais velho do comerciante Hermann Kafka (1852-1931) e de sua esposa, Julie, nascida Löwy (1855-1934), na cidade de Praga, na Boêmia, que então pertencia ao Império Austro-Húngaro. Kafka teve dois irmãos falecidos pouco depois do nascimento (Georg e Heinrich) e três irmãs (Gabriele, Valerie e Ottilie). Faleceu em três de junho de 1924, três meses após voltar a Praga.



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CANÇÃO DE AMOR (Rainer Maria Rilke)


Como devo conter minha alma
para que não interfira na tua?
Como devo elevá-la acima de ti
na direção de outras coisas?

Gostaria de poder abrigar minha alma
em algum recanto perdido no escuro,
tranquilo e estranho, onde não mais
pudesse vibrar ante a funda vibração da tua.

Porém, tudo que nos toca, a ti e a mim,               
aproxima-nos como o golpe de um arco
que ao ferir duas cordas um único som extrai.

Sobre qual instrumento estamos retesados?
Que Violinista nos tem em sua mão?
Ah, doce canção!



 (Tradução livre de Silveira de Souza, especialmente para esta Confraria, dezembro/2014)





                                                                                                                     
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DA SÉRIE “NOSSA LÍNGUA”









GAFES TELEVISIVAS --- Queóps

Quem frequenta ou frequentou o primeiro grau de qualquer escola brasileira, já ouviu falar pelo menos uma vez num faraó famoso, num faraó megalomaníaco, que mandou construir a maior de todas as pirâmides: Quéops.

Recentemente, porém, uma emissora de televisão nos tomou de assalto anunciando um novo faraó da história universa: um tal de Queóps. Esse – podemos garantir – não construiu sequer um montinho de areia...

Ao ouvirmos, num programa realmente “fantástico”, Queóps, Queóps, Queóps, corremos à enciclopédia para tomarmos conhecimento desse mais novo faraó da história. Resultado: frustração. Frustração total. Nenhuma das nossas enciclopédias trazia informações sobre o tal do Queóps. Recorremos, então, ao vizinho, cuja enciclopédia, mais completa que a nossa, - e atualizadíssima – também não dedicava sequer uma linha ao faraó global.

Por isso, no dia que à nossa porta bater um novo vendedor de enciclopédias, iremos recebe-lo com um prazer ainda maior e perguntar antes mesmo de convidá-lo a entrar: “O senhor nos garante que na sua enciclopédia já consta o nome do mais novo faraó da história mundial: Queóps?”

Se ele apenas fizer menção de acenar com a cabeça em direção ao sim, vamos convidá-lo não só a entrar, mas a sentar-se, tomar um cafezinho e, prazerosamente, vamos rabiscar-lhe um cheque...”





[ Luiz Antônio Sacconi, Gafite, nº. 1, abril 87, Nossa Editora, p. 15]



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DA SÉRIE  “REPASSANDO”





BOOKS & BEERS


Abrir um livro é como servir-se de um drinque, é como sentar para beber, envolvendo-se do início ao fim. A sensação é de sede. A curiosidade é fome. E eis que começa a aventura. Mas, antes, a capa. Escolha a sua taça, um copo ou um prato. Eles são a introdução do que vem a seguir.
As portas se abrem para um lugar com alma de praia, conteúdo de livraria e conforto de sala. Os amigos distribuem sorrisos, apertos de mão e abraços tropicais. Já é hora de começarmos a escolher no cardápio nossos personagens favoritos.
Cada líquido nasceu em uma cidade, foi criado em um estado e se derramou por países. Cada ingrediente esteve diante da vida, adaptando-se a seus diversos recipientes.
Cada rótulo tem a sua personalidade, e todos fazem parte de um grande e único enredo. Assim chegamos qo ápice dessa história: o seu ponto de vista. Ou se preferir, paladar.
Aqui, não há um protagonista mais importante do que o outro. Todos são iguais perante o brinde. Por isso, caro leitor, não se esqueça de levantara seu copo, olhar fixamente nos olhos de seu vizinho de mesa e desejar-lhe saúde.
Bem-vindos às páginas soltas em que bebemos a vida. Bem-vindos aos versos fluidos de cada por do sol. No Books & Beers, todas as histórias são compiladas em uma valiosa coleção chamada cultura. A cultura de bar em todos os seus significados.
Celebremos!
Paulo Maia (Books & Beers, a cultura de bar em todos os seus sentidos, fica em Floripa/SC, mais precisamente na Lagoa da Conceição)



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CONFRARIA DO [meu] POEMA-pn


  
O retrato no copo
mostra o corpo
inútil tentar ver o rosto.

O retrato no corpo
mostra o rosto
inútil tentar ver o copo.

O retrato no rosto
mostra o copo
inútil tentar ver o corpo.

 
(Pinheiro Neto, Jogo 8, A rosa do verso, 1988, p.54)   


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O MELHOR LIVRO DE POEMAS QUE ESCREVI

POUQUÍSSIMOS PODERÃO LER NESTA VIDA.

ELE ESTÁ IMPRESSO NO MEU CORAÇÃO! E TU, COM

CERTEZA ESTÁS LÁ, EM TODOS

OS VERSOS QUE NÃO FORAM PUBLICADOS.

(Pinheiro Neto)


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