quarta-feira, 23 de junho de 2010

Confraria da Leitura - Edição 11



UM ESCRITOR: JÚLIO DE QUEIROZ


Nasceu na cidade de Alegre, Espírito Santo, em fevereiro de 1926 e após estudos iniciais realizados na cidade do Rio de Janeiro e Porto Alegre, diplomou-se em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica. Aperfeiçoou seus conhecimentos na Universidade de Munique, Alemanha e no Real Instituto de Administração em Londres, Inglaterra.
Em 1949 resolve dedicar-se à vida monástica entrando no noviciado da Ordem
Cisterciense do Brasil, em Itaporanga, SP. Dedica-se à vida religiosa durante boa parte de sua vida.
Mais tarde, renunciando aos votos, dá-se aos estudos de filosofia em Bonn e Munique onde escreve tese sobre Aspectos Estéticos da Mística Católica Medieval Alemã.
Em Santa Catarina foi assessor atuando como elaborador de textos do governador Colombo Machado Salles.
Torna-se colaborador efetivo durante muitos anos dos principais jornais do Estado. É membro da Academia Catarinense de Letras, onde ocupa a cadeira número 10.
Dentre seus melhores livros: Hamlet; Os Convidados à Trama;Breve Aro; Informes a Narciso; Baú de Mascate; Encontros em Tempo de Peste e Vocabulário Inicial do Infante. Publicou a novela, Placidin e os Monges. É reconhecido hoje como um dos melhores contistas e poetas brasileiros. Livros
de contos, entre outros, tem publicados: Umas Passageiras; Outras Crônicas; Antologia Do Varal Literário; Cambada De Mentiroso; Este Amor Catarina; As Permutas e Outros Contos;A Cidade Amada ; Álgebra de Sonhos; Deuses e Santos como nós; Encontros de Abismos.
Júlio de Queiroz vive hoje em Florianópolis, na Ilha de Santa Catarina, onde
exerce atividade literária além de professor de filosofia e conferencista

A obra de Júlio de Queiroz tem como enfoque principal a visão bondosamente crítica do ser humano, suas fraquezas e seus momentos de grandeza. Tanto na sua obra poética quanto na prosista – contos, ensaios, Crônicas – o que ressalta é sua empatia com os esforços – conseguidos ou fracassados – da humanidade em busca do que Júlio de Queiroz considera o alvo maior a ser alcançado coletivamente: a humanidade como uma família dirigida pela espiritualidade. Como dele afirmou o escritor Silveira de Souza [...] Júlio de Queiroz se assemelha a um dos representantes em nossos dias daquelas gerações de humanistas que buscam unir o conhecimento, o espírito e a palavra (escrita e oral), na compreensão e tentativa de esclarecimento do homem, como um irão de grandeza e sofrimento, desprendimento e mesquinharia, fraternidade e solidão. Há nele uma religiosidade que transcende os rituais.”

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VÍCIOS DE LINGUAGEM - Cacofonia consiste no encontro de palavras que formem outra de sentido torpe, ridículo ou desagradável. Exemplos: “Já sinto as minhas aflições.” “ A boca dela.” “Ele só tem uma mão.” “Intrínseca validade.”
Há cacófatos, porém, que não são passíveis de censura, já porque aparecem em frases feitas, e sem sucedâneos perfeitos (da nação, de balde, por tal), já pela sua habitualidade nas páginas de nossos maiores escritores (alma minha, como elas, as não). Neste caso, como adverte Rui Barbosa, eles têm de ser tolerados porque “a lei da necessidade obriga as exigências da eufonia à condição fatal de transigir.”

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PARA LEMBRAR – a) Perdem o acento circunflexo as palavras com o hiato oo. Antes escrevia-se: abençôo, dôo, enjôo, magôo, perdôo, vôos, zôo. Agora escreve-se: abençoo, doo, enjoo, magoo, perdoo, voos, zoo.
b) Perdem o acento circunflexo as palavras com o hiato ee. Antes escrevia-se: crêem, dêem, lêem, vêem, prevêem. Agora escreve-se: creem, deem, leem, veem, preveem.
c) Nada muda no plural de TER e VIR e seus derivativos. Exemplos: Ele tem uma bola./ Eles têm duas bolas. Ela vem hoje./ Elas vêm hoje. Ele mantém a esperança./Eles mantêm a esperança. Ela detém a energia./Elas mantêm a energia. Ela intervém na reunião./Elas intervêm na reunião.

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O ENSINO DA LEITURA – Podemos afirmar que o ensino da leitura deve levar em consideração algumas questões básicas:
a) Linguagem, experiências e pensamento têm íntima relação. Na leitura, as palavras organizadas, relacionadas dentro de um esquema lógico, precisam corresponder às expressões e experiências já vividas pela criança. Só assim, poderá ela interpretar e fixar os símbolos escritos.
b) As estruturas de orações dos pré-livros devem ser simples, iguais às estruturas orais do aluno.
c) A criança que apresenta imaturidade linguística, precisa de um bom programa de linguagem oral, a fim de compreender o que o livro encerra.
d) Em todos os estágios, linguagem oral e leitura devem seguir paralelamente. A criança precisa falar, participar de atividades, a fim de aprender a expressar-se, enriquecer-se de palavras novas e ganhar novos sentidos para aquelas já conhecidas.


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PONTO DO POETA


Quero uma manhã
inteirinha,
clara, limpinha –
com sol, orvalho, beleza.

Quero uma manhã,
manhãzinha,
com criança, menininha –
cachos ourados, rózeas faces,
sorriso doce, palavras-paz.

Quero uma manhã
todinha,
mas que comece mais tarde,
às nove, quem sabe às dez.

Quero uma manhã
sozinha,
pra entregar nas mãos
da Christianinha.

(Poema pra ninar a Chris, [minha primeira filha] pg. 20, IRIAMAR, 1978- Musicado pelo Maestro Carlos Lucas Besen)

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