1-
O que te motiva a
escrever?
A busca do belo, de uma
perfeição com certeza impossível. Meu grande motivador foi um professor de
Brusque, onde cursei o que na época se chamava ginásio, talvez a minha melhor
faculdade, no seminário de Azambuja. O cônego Valentim Loch, já falecido, foi
meu grande incentivador. Ela escrevia de forma clássica e procurava passar isso
para os alunos que ele considerasse numa média acima dos outros. Hoje meus
poemas seguem a rima e métrica escorreitas, clássicas, porque desde a
adolescência fui ensinado assim. E é o que eu realmente gosto.
2-
Cite os TRÊS livros (e
respectivos autores) mais significativos em tua vida?
Quando cursava a quarta
série do curso primário minha mãe, outra grande incentivadora, me comprou a
obra completa de José de Alencar, em vinte volumes. Sem tevê, sem videogame,
com tempo, eu lia, e muitas vezes recorri ao dicionário. Aos onze anos já
conhecia toda a obra do grande cearense romântico. Cito Senhora, Lucíola e, numa
outra fase, Os irmãos Karamazov, de
Fiodor Dostoievski. Sempre tive fascínio por autores e compositores russos.
3-
Indique um livro
(Literatura Brasileira) para leitura de:
a)
Alunos do Ensino
Fundamental (5ª a 8ª séries)
Memórias de um menino pobre, do
saudoso amigo Norberto Cândido Silveira Júnior, que trabalhou comigo no governo
Konder Reis, membro da ACL.
b)
Alunos do Ensino
Médio
Dei aulas no ensino médio e utilizava
muito os poetas do século dezenove, com ênfase para Luiz Delfino, Casimiro de
Abreu e Gonçalves Dias. Indico Os Timbiras, deste último.
c)
Alunos do Ensino
Superior
Minha formação, de Joaquim Nabuco.
4-
Como se dá o processo da
escrita em tua prática cotidiana?
Escrevo para jornal,
redijo a revista de cultura da Academia dos Militares Estaduais, além de procurar
escrever um livro por ano, não abdicando da qualidade. Participo também de
Antologias diversas. Organizei o Livro dos Patronos da Academia dos Militares,
que sai este final de ano. Como tenho deficiência visual acentuada e não
dirijo, meus anseios de socializar para as escolas o pouco que aprendi foi
muito atenuado. Trabalho ainda nos órgãos de formação da Polícia e Corpo de
Bombeiros Militares, o que já me toma bastante tempo. Reconheço que não sou um
autor popular, especialmente nos poemas, onde o clássico sempre permeia o
processo. Mas é o meu estilo.
5- Fale sobre o apoio dispensado pelos setores público e privado à
literatura.
Penso que no Brasil o
apoio é muito incipiente. Vejam que em Buenos Aires há mais livrarias que o
Brasil por inteiro. Uma ideia seria colocar uma biblioteca em cada escola, seja
pública ou privada. Não sou venerador do estado, que hoje considero muito
enxerido na vida do cidadão. Mas a Educação, pelo menos a básica, deveria ter
forte apoio do setor público.
6- Fale sobre o papel das Academias de Letras em relação à
Língua e à Literatura?
Penso que o papel ainda
é pequeno. Formamos talvez uma elite, e alguns permanecem no limbo. Mas a
manutenção da norma culta considero essencial nas academias, uma vez que
tentativas de esquartejá-la são cada vez mais comuns.
Roberto
Rodrigues de Menezes,
nascido no dia 7 de Novembro de 1949, em Florianópolis, é coronel da Reserva da
Polícia Militar catarinense. Membro de quatro academias literárias, tem dez
obras publicadas nas áreas de contos, poemas, crônica, história e biografia.
Preside a Academia de Letras dos Militares Estaduais de Santa Catarina.
X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X
DA SÉRIE “POETAS MULHERES” – 8
DA SÉRIE “POETAS MULHERES” – 8
(Escultura feminina de Elisa Zatera, artista plástica de Caxias do Sul/RS)
BUSCO A PALAVRA
Não a que vem de mitos nem
de lendas
a que traz resquícios do
passado
nem mesmo dos bosques
frescos do porvir
em que por vezes me hei
refugiado.
A palavra que decerto
jamais escreverei
pois a que tenho escrito –
tenho rasgado
por imprecisa, inócua,
ataviada.
Breve ou não, quero-a
brava e exata
espelhando o homem do meu
tempo.
Busco a palavra em que
lateje o presente
a hora que o relógio marca
fim de centúria e de
milênio
era superapocalíptica.
Nem o transato nem o
amanhã
só esta hora mesma e
conflagrada
de agora
na palavra em que meu
semelhante veja
a sua
face
e nosso tempo em meu texto
e diga: está certo, irmã.
+ Maura de Senna
Pereira/SC (Cantiga de Amiga, Achiamé, 1981)
##############################
DEZEMBRO
dezembro
traz nos ombros
o peso
de onze meses
chumbo ou ouro
dezembro só quer
o de sempre
encerrar o expediente
com chuva
de estouros
Valéria Tarelho/SP (Livro
da Tribo, 2014, pg. 398)
#############################
PÉTALAS DESFOLHADAS
Mornas despedidas
Atiradas ao relento
É como uma luz perdida
Nas sombras do pensamento.
Lá fora uiva o vento
Levando até os rebentos
Das flores de meu jardim
As pétalas desfolhadas
Choram em mim...
Vani Nunes/RS (Relicário,
2014, pg. 44)
###########################
EM
TEMPO!
Tem
tempo aqui
Em tempo lá
Espere agora
Não vá embora
Seu perfume ainda aqui
E aquele livro...
Não terminou ainda
Nem àquelas horas
Dentro de nossa historia
Tem tempo aqui
Em tempo lá...
Não vá embora
Temos a nossa historia...
Em tempo lá
Espere agora
Não vá embora
Seu perfume ainda aqui
E aquele livro...
Não terminou ainda
Nem àquelas horas
Dentro de nossa historia
Tem tempo aqui
Em tempo lá...
Não vá embora
Temos a nossa historia...
DúKarmona/SP
(Face, 17/11/2014)
@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@
COMO E QUANDO
Vai, saudade!
Despacha-te breve,
faz minh’alma leve
de pesares e ausências.
Vai com pressa,
deixa-me a surpresa dos reencontros,
sem saber como e quando,
que sobreviva o porquê.
Leva contigo a tristeza,
deixa-me alguma leveza
e a inteireza de viver.
Vai, saudade!
Deixa-me aqui, sossegada,
até que alguma estrada
reinvente-se nas madrugadas insones.
Despacha-te breve,
faz minh’alma leve
de pesares e ausências.
Vai com pressa,
deixa-me a surpresa dos reencontros,
sem saber como e quando,
que sobreviva o porquê.
Leva contigo a tristeza,
deixa-me alguma leveza
e a inteireza de viver.
Vai, saudade!
Deixa-me aqui, sossegada,
até que alguma estrada
reinvente-se nas madrugadas insones.
Rosangela S. Goldoni/RJ (09/11/2014)
@@@@@@@@@@@@@@@@
ALHEAMENTO
Se sou abstrata
não me definas
deixe-me ser
compor meus pontos
não me definas
deixe-me ser
compor meus pontos
Bailo na lógica
pulo nas margens
constelo prismas
pulo nas margens
constelo prismas
É no quântico
que não me alcanças
surreal tua prisão
já não me tens
que não me alcanças
surreal tua prisão
já não me tens
Sensorial, ilógica
fujo do teu pragmatismo
Concreto é teu mundo
respiro, diluo, evaporo
fujo do teu pragmatismo
Concreto é teu mundo
respiro, diluo, evaporo
Fui te encontrar
logo em um teorema
e inexata, sobrevivi!
logo em um teorema
e inexata, sobrevivi!
Ana Luiza/RS (Face, 19/11/2014)
@@@@@@@@@@@@@@@@@@
SEGREDO
Entre sombras e arvoredos
o sabiá guarda os segredos
das flautas do meu cantar.
E os caçadores lá de longe
ouvem mas não sabem onde
canta em mim um sabiá...
E assim me leva a vida
cantando despercebida
sem poder me desvendar...
Mary Lovely/SP (2014)
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SEM OBRIGAÇÃO
rabiscos desobrigados
ágeis e soltos
sem pressa
maturam-se às
verdades
da alma paciente
no frescor das verdes
impossibilidades
esbarram-se
aos ímpetos
nas rimas preguiçosas
Soninha Porto/RS
(doEu, Alcance, Porto Alegre, 2009, pg. 83)
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UM OLHAR DENTRO DO
MEU
Não vivi setembro,
ele passou por mim em vão
qual uma nebulosa
apagada, silenciosa...
Até minh’alma, como
desprendida do chão,
sentiu sequer o
perfume de uma rosa.
Como as folhas
desgarradas de um arbusto,
rolo da mente a busca
de entendimento.
Vezes compreendo as
perdas e o injusto,
outras vezes,
alheio-me em descontentamento.
Agora só espero
outros sóis, em setembro,
outras baleias que
venham em mês de novembro,
as quais, do alto,
nunca avistei por aqui chegar.
Agora vasculho, dos
campos, guardadas
entre as fotos de
folhas mais amareladas,
um olhar de primavera
dentro do meu olhar.
VANIA VIANA/AL (
Face, 01-10-2014 )
@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@
RECONHECIMENTO
Estranho seria
se eu não sentisse
essa paixão pela vida
da maneira mais exaltada e inquieta
que me é possível
que não me permite o sossego
dos que assistem a vida passar pela janela
Estranho seria
eu não me excitar
com o toque
distraído
da sua mão na minha pele
desencadeando uma onda de choques
pelo corpo todo
esperando muito mais
daquele momento
Estranhos os meus sentidos
que não são sentidos
vibrando em faixas diferentes
tentando se comunicar
encontrar uma sintonia
limitados a razão
que pesa
CRIS M. BIANCO/RS (Face, outubro 2014)
X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X
SAUDADES DO PAULO FRANCIS
Vendo a fotografia da Madonna ali no jornal e a matéria afirmando
que a pop-star viria ao Brasil, foi que me lembrei do Paulo Francis “não tem
voz alguma, apesar de todos os alto-falantes. Se movimenta paca, mas, se aquilo
é dança, minha avó é bicicleta”.
Num tempo em que tudo parece estar nivelando-se, a opinião pública, o senso comum, a moda, os costumes à semelhança de um líquido esparramado num chão de relevo atípico, preenchendo as frinchas, ocupando desníveis, se adaptando as novas formas que o absorva até que não lhe sobre nem ranhuras, nem saliências e nem reentrâncias, apenas a superfície lisa do acomodamento que lhe convém, então já não conseguimos fazer a distinção entre o que foi o líquido e o que era sólido, restando esta geleia amebiana com a qual temos de conviver, mas é dose.
Em sendo um outsider, sinto falta da voz discordante: do mano-a-mano dos homens livres que diante das obviedades (penso em Darcy Ribeiro) alimentam um único desejo, o de ridicularizá-las.
Sobre João Gilberto (já que peguei o gancho da música) a propósito de sua nova temporada, aos 76 anos, especula-se que ganhará no final mais de R$2 milhões, disse o Paulo Francis “Se notou logo que cantava como Chet Baker, mas isso como Wagner tira de Liszt (que agradeceu, dizendo que assim passaria à história...), quer dizer, se inspirou apenas, em Chet, para seus solos e musicalidade. Nem Tom, seu rival mais próximo, tem a musicalidade de João, o timbre, o afinamento, a certeza, que parecem vir das entranhas”.
Mas o Francis opinava, em sua coluna “Diário da Corte” (uma sugestão do jornalista Claudio Abramo quando estava na Folha de São Paulo) o nome era uma piada, mas emplacou. Falava de livros, teatro, música, cinema, ópera, política e economia, viagens, restaurantes, comidas, bebidas... Sempre com a verve que lhe era peculiar. Podia não se concordar sempre com ele, mas era impossível passar indiferente ao que dizia. Quando saiu da Folha para o “Estadão”, sai também, como aqueles garçons que mudam de bar para trabalhar e levam junto os “seus” clientes.
O humorista Jaguar quando escreveu durante certo tempo para um jornal paulista mantinha uma coluna chamada “Notícias do Balneário” uma maneira de homenagear o Francis (notem as semelhanças dos nomes) e ironizar os valorosos trabalhadores paulistas... Também a minha página (junto com a jornalista Emília Teixeira) “As Últimas da Provyncia” (assim mesmo com “y”), mas que nunca saiu do plano das ideias e breves ensaios que enviávamos para outros colunistas glosando o nosso papel, valia pelo humor. Falei do Jaguar, lembrei do “Pasquim” (Tarso de Castro, Millôr Fernandes, Ziraldo, Luis Carlos Maciel, Fausto Wolff (alô velho amigo, mais amigo que velho?), Ferdy Carneiro, Ivan Lessa, os irmãos Caruso, Henfil, Mário Prata (onde você anda?), Nei Duclós (você está aí?) e uma penca de gente de talento, bem humorada e insubmissa. O Francis achava que não era só o humor que tinha vendido tanto “O Pasquim” afirmava “foi a censura que vendeu o jornal. Censurados, não podíamos espinafrar o regime, logo tivemos de dar asas à nossa imaginação, como dizem, e não cair nas reclamações monocórdicas típicas da esquerda”.
Sobre jornalismo, dizia Francis “a glória da imprensa foi feita por gente com opiniões fortes e inconformistas”. Ainda sobre a música, afirmava “os baianos vem para o Rio de Janeiro cantar “ai que saudades que sinto da Bahia”, bem se foi por falta de adeus. Pt e saudações”... Falando sobre a morte, foi contundente “... Se houver outra vida e eu tiver alguma mobilidade, prometo levar o meu ectoplasma para Brasília e infernizar essa canaille”.
Francis faz falta!
(Olsen Jr. A crônica de
domingo, Jornal A provyncia, 07/12/2014)
X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X
CARTAS
AO PAI
Foi há muito tempo. Acho que eu tinha uns
vinte e cinco anos. Antes tinha lido O
processo, A metamorfose, O castelo e América ou o desaparecido, desse autor
magnífico que é Franz Kafka. Quando
chegou-me às mãos, comprado em um sebo, foi uma bênção. Já ouvira valar muito
sobre ele mas, por um motivo ou outro, as chances de tê-lo e reservar um tempo
para sua leitura sempre deram lugar a outras prioridades e outras leituras. Nem
lembro a editora. Lembro apenas de dei-o de presente a um amigo que ficou
interessado após meus comentários sobre a obra desse autor cujo reconhecimento
só se deu após sua morte.
Hoje, através da releitura desse fenômeno que
é Carta ao pai, uma edição de bolso
da L&PM comentada, com tradução, organização, prefácio, glossário e notas
de Marcelo Backes, compartilho com vocês recomendando-o neste espaço.
Transcrevo a seguir o texto que consta da
contra capa dessa edição da L&PM com o título “A mais íntima obra de Franz
Kafka”:
Entre os dias 10 e 19 de novembro de 1919,
Franz Kafka, insatisfeito com a fria recepção paterna diante do anúncio de seu
noivado com Julie Wohryzek, escreveu ao pai, o comerciante judeu Hermann Kafka,
uma longa carata – mais de cem páginas manuscritas. Kafka tinha então trinta e
seis anos, uma vida pessoal acanhada – nunca se casara ou constituíra família
-, uma carreira mediana de funcionário burocrático e uma ambição literária
ainda longe de estar realizada. Na carta, que nunca foi enviada ao destinatário
original, Kafka põe a nu toda a sua mágoa em relação ao pai autoritário, que
ele chama, alternadamente de “tirano”, de “regente”, de “rei” e de “Deus”. Em
uma experiência virtuosíssima de auto análise, além de uma belíssima peça
literária, ele mostra como, a seu ver, o jugo paterno minou-lhe a auto estima,
condenando-o a uma personalidade fraca e assustada.
Além de disponibilizar ao leitor um dos
textos mais emocionantes da literatura ocidental, essa edição da L&PM dá a
devida dimensão biográfica à Carta. A
leitura da carta e do material que a envolve joga luz sobre o drama humano
universal do autor e ajuda a compreender sua imensa angústia, capaz de gerar
obras primas como O processo, A
metamorfose, América ou o desaparecido, entre outras. Como escreveu o filho
ao pai: “Minha atividade de escritor tratava de ti, nela eu apenas me queixava
daquilo que não podia me queixar junto ao teu peito”.
Franz Kafka nasceu em três de julho de 1883,
filho mais velho do comerciante Hermann Kafka (1852-1931) e de sua esposa,
Julie, nascida Löwy (1855-1934), na cidade de Praga, na Boêmia, que então
pertencia ao Império Austro-Húngaro. Kafka teve dois irmãos falecidos pouco
depois do nascimento (Georg e Heinrich) e três irmãs (Gabriele, Valerie e
Ottilie). Faleceu em três de junho de 1924, três meses após voltar a Praga.
X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X
CANÇÃO DE AMOR (Rainer Maria Rilke)
Como
devo conter minha alma
para
que não interfira na tua?
Como
devo elevá-la acima de ti
na
direção de outras coisas?
Gostaria
de poder abrigar minha alma
em
algum recanto perdido no escuro,
tranquilo
e estranho, onde não mais
pudesse
vibrar ante a funda vibração da tua.
Porém,
tudo que nos toca, a ti e a mim,
aproxima-nos
como o golpe de um arco
que
ao ferir duas cordas um único som extrai.
Sobre
qual instrumento estamos retesados?
Que
Violinista nos tem em sua mão?
Ah,
doce canção!
(Tradução livre de Silveira de Souza,
especialmente para esta Confraria, dezembro/2014)
X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X
DA SÉRIE “NOSSA LÍNGUA”
DA SÉRIE “NOSSA LÍNGUA”
GAFES TELEVISIVAS
--- Queóps
Quem frequenta ou
frequentou o primeiro grau de qualquer escola brasileira, já ouviu falar pelo
menos uma vez num faraó famoso, num faraó megalomaníaco, que mandou construir a
maior de todas as pirâmides: Quéops.
Recentemente, porém, uma
emissora de televisão nos tomou de assalto anunciando um novo faraó da história
universa: um tal de Queóps. Esse – podemos garantir – não construiu sequer um
montinho de areia...
Ao ouvirmos, num
programa realmente “fantástico”, Queóps, Queóps, Queóps, corremos à
enciclopédia para tomarmos conhecimento desse mais novo faraó da história.
Resultado: frustração. Frustração total. Nenhuma das nossas enciclopédias
trazia informações sobre o tal do Queóps. Recorremos, então, ao vizinho, cuja
enciclopédia, mais completa que a nossa, - e atualizadíssima – também não
dedicava sequer uma linha ao faraó global.
Por isso, no dia que à
nossa porta bater um novo vendedor de enciclopédias, iremos recebe-lo com um
prazer ainda maior e perguntar antes mesmo de convidá-lo a entrar: “O senhor
nos garante que na sua enciclopédia já consta o nome do mais novo faraó da
história mundial: Queóps?”
Se ele apenas fizer
menção de acenar com a cabeça em direção ao sim, vamos convidá-lo não só a
entrar, mas a sentar-se, tomar um cafezinho e, prazerosamente, vamos
rabiscar-lhe um cheque...”
[ Luiz Antônio Sacconi, Gafite, nº. 1,
abril 87, Nossa Editora, p. 15]
X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X
BOOKS & BEERS
Abrir um livro é como servir-se de um
drinque, é como sentar para beber, envolvendo-se do início ao fim. A sensação é
de sede. A curiosidade é fome. E eis que começa a aventura. Mas, antes, a capa.
Escolha a sua taça, um copo ou um prato. Eles são a introdução do que vem a
seguir.
As portas se abrem para um lugar com
alma de praia, conteúdo de livraria e conforto de sala. Os amigos distribuem
sorrisos, apertos de mão e abraços tropicais. Já é hora de começarmos a
escolher no cardápio nossos personagens favoritos.
Cada líquido nasceu em uma cidade, foi
criado em um estado e se derramou por países. Cada ingrediente esteve diante da
vida, adaptando-se a seus diversos recipientes.
Cada rótulo tem a sua personalidade, e
todos fazem parte de um grande e único enredo. Assim chegamos qo ápice dessa
história: o seu ponto de vista. Ou se preferir, paladar.
Aqui, não há um protagonista mais
importante do que o outro. Todos são iguais perante o brinde. Por isso, caro
leitor, não se esqueça de levantara seu copo, olhar fixamente nos olhos de seu
vizinho de mesa e desejar-lhe saúde.
Bem-vindos às páginas soltas em que
bebemos a vida. Bem-vindos aos versos fluidos de cada por do sol. No Books
& Beers, todas as histórias são compiladas em uma valiosa coleção chamada
cultura. A cultura de bar em todos os seus significados.
Celebremos!
Paulo Maia (Books & Beers, a
cultura de bar em todos os seus sentidos, fica em Floripa/SC, mais precisamente
na Lagoa da Conceição)
X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X
CONFRARIA
DO [meu] POEMA-pn
O retrato no copo
mostra o corpo
inútil tentar ver o rosto.
O retrato no corpo
mostra o rosto
inútil tentar ver o copo.
O retrato no rosto
mostra o copo
inútil tentar ver o corpo.
(Pinheiro
Neto, Jogo 8, A rosa do verso, 1988,
p.54)
##############################################
O MELHOR LIVRO DE POEMAS QUE ESCREVI
POUQUÍSSIMOS PODERÃO LER NESTA VIDA.
ELE ESTÁ IMPRESSO NO MEU CORAÇÃO! E TU, COM
CERTEZA ESTÁS LÁ, EM TODOS
OS VERSOS QUE NÃO FORAM PUBLICADOS.
(Pinheiro Neto)
X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X
PAPO NA CONFRARIA: ROBERTO RODRIGUES DE MENEZES – inequívoca bagagem cultural.
ResponderExcluirDA SÉRIE “POETAS MULHERES” – 8 - agradecida por ter sido incluída nesta seleção (apenas um grão em meio a talentos)
DA SÉRIE CRÔNICAS: Paulo Francis – polêmica em pauta.
LI E RECOMENDO (8) - Pela primeira vez: eu também li! Impressiona!
CANÇÃO DE AMOR (Rainer Maria Rilke)- Aplausos!
GAFES TELEVISIVAS --- Queóps - Quéops, assim aprendi
DA SÉRIE “REPASSANDO” – Brindemos!
CONFRARIA DO [meu] POEMA-pn – primoroso: verso/jogo/efeito