1-O que te motivou a escrever?
Primeiro a necessidade de criar novos limites e logo o prazer e o desafio de dar ao imaginário
a verdadeira dimensão da realidade, com a primeira publicação aos 14 anos. Esse prazer e esse desafio despertou uma profunda reflexão sobre o ser humano e suas contradições.
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2- Cite 3 livros e respectivos autores mais significativos em sua a vida.
Antes e acima de tudo a BIBLIA, quer como reflexão espiritual e como narrativa bem articulada, escrita por muitos autores em muito tempo diferente, sobre violência, amor, traição, poder, submissão, fé e acontecimentos de natureza insondável. Depois DOM QUIXOTE, DE CERVANTES, o imaginário que submete o real às fantasias . E por último ÉDIPO REI de SÓFLOCES, a tragédia grega que além de mostrar a segunda das duas únicas verdades incontestáveis da vida, a de que depois da morte, ninguém é dono do seu destino, ainda ofereceu, de graça, para Freud a chave principal da sua psicanálise.
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3- Indique um livro, da literatura brasileira, para leitura de:
a) alunos do ensino fundamental;
b) alunos do ensino médio.;
c) alunos do ensino superior.
Coloque dez livros a disposição de cada nível de ensino diante dos alunos, com o professor dando coordenadas sobre enredo, técnica narrativa, ambientação e temporalidade e deixe que o aluno escolha o que quer ler. Creio ser melhor do que minhas indicações pessoais.
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4- Como se dá o processo criativo em tua prática cotidina?
Disciplina do dia a dia de escritor eu não tenho. Primeiro porque gosto de me maravilhar com tudo que vivo e cada coisa, para ser bem vivida, tem que ser única a cada vez. Mas tenho disciplina: A COROA NO REINO DAS POSSIBILIDADES em exatos 45 dias e noites, o CÃNDIDO ASSASSINO em 38 noites e dias e o REINO DOS ESQUECIDOS EM 10 anos. O recém concluído, CAMINHOS SEM VOLTA, em 1 ano e 2 meses. Em todos os casos trabalho até a exaustão. Anoto dia e noite, aproveitando ou não. Busco a palavra exata, na melhor frase, dentro do parágrafo mais claro e melhor articulado. Quer maior desafio do que este?
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5- Fale sobre o apoio dispensado pelos setores público e privado à literatura.
Fui dirigente do principal órgão público de cultura do Estado de Santa Catarina e tenho uma ideia clara do antes e do agora. Lá vai uma historinha: O saudoso grande escritor e amigo Jair Hamms enviou um exemplar do seu último livro, antes de sua morte, para uma certa secretária de Educação do Estado de Santa Catarina, anexando uma carta pedindo mais atenção para a inclusão de livros de autores catarinenses no currículo da rede escolar. Depois da morte de ambos, da então Secretária e do escritor, um amigo meu, livreiro, recebeu em sua loja o livro com a carta lacrada. A iniciativa privada, me parece, abre as cartas recebidas.
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6- Fale sobre o papel das Academias de Letras em relação à língua e à literatura.
As academias não podem ser instituições amorfas. Devem assumir um papel de liderança na preservação da língua e estimulação da melhor literatura e da cultura como um todo. Sem isso, que finalidade tem?
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(Miro Morais é ocupante da Cadeira nº. 20 da Academia Catarinense de Letras. É autor de dois sucessos de mídia e de venda no país e no exterior, A coroa no reino das possibilidades e Cândido assassino. Seu último romance, O reino dos esquecidos, lançado em maio deste ano pela editora Insular, também vem sendo muito bem recebido pela crítica. Prepara um novo romance para breve.)
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DA SÉRIE “POETAS MULHERES” - 5
DA SÉRIE “POETAS MULHERES” - 5
(Arte no café de Michele - Café Mineiro)
ESTA EDIÇÃO DE "POETAS MULHERES" É UMA HOMENAGEM AO 8º.
ANIVERSÁRIO DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL POEMAS À FLOR DA PELE. TODOS OS POEMAS
TRANSCRITOS AQUI ESTÃO NA COLETÃNEA PUBLICADA PELA EDITORA SOMAR ESTE ANO DE
2014.
FEITO
A LUA
És
feito a lua...
reluzente
misterioso
sombrio!
Ora
aparece,
ora
nebuloso,
ora
fugidio!
És
feito a lua...
tímido
prata
faceiro!
Ora
some,
ora
reflete,
ora
inteiro!
Ah!
Como eu gosto da lua cheia!
(ANDRÉA
LUCIA, Rio de Janeiro/RJ)
@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@
ASSIM
SERÁ
...
e de vez em quando
ainda
me darei
ao
direito
de
vir aqui
de
te olhar
de
pensar em nós...
...
e em sonhos
cavalgar
num
cavalo alado
levando
comigo
a
saudade
que
aperta no coração...
(Claudete
Silveira, Santa Cruz do Sul/RS)
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AVALANCHES
Rimas dissonantes
Veredas atravessavam-lhe
o cérebro.
Perigos, trincheiras
Sangue quente.
O sibilar da serpente
Com sangue frio
Ouviu o mar
Soluçar um grito.
(Dora Dimolitsas, São
Paulo/SP)
@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@
VOAR
Pronto...
agora é só atravessar
Aquela
estrada de luz
Vá,
sem medo do agora, desse mundo
Leve
todas as sensações
Vividas,
que te ensinaram a amar
Vá
sem segredos
Com
todos os sonhos
Com
toda a vida
Esta
dor vai passar
Basta
atravessar
Ver
o sol nascer
Agora
ele vai brilhar
É
só atravessar
Esta
passagem nova
e...
voar...
(DU
CARMONA, São Paulo/SP)
@@@@@@@@@@@@@@@@@
DESEJO
O
mesmo olhar de desejo
Faz-me
sentir nua
Sem
nada dizer
Os
dias seguem
Esse
olhar me persegue
Tirando
meu sono
Invadindo
minha alma
Queimando
meu corpo
Desejando
o teu.
(MARIA
HELENA MATTOS, Condor/RS)
@@@@@@@@@@@@@@@@@@
RETRATOS
Cruzando
dias e horas
Cometa
riscando o céu
O
ano passou enfim...
Instantes
de pleno Amor
E
momentos perdidos...
Mas
o que importa
Todo
mal que sofri ou
Todo
o bem que perdi
Nas
lembranças do coração?
Sou
grata sim! Pelos sorrisos
Memórias.
Ternas imagens
Visões
do futuro pela janela
Que
permanece entreaberta
O
que realmente interessa
São
os carinhos que ofertamos
Os
sorrisos que proporcionamos
O
Amor que se dá e recebe
Nessa
vida tão breve...
Retratos
numa estante
Versos
inacabados
Escritos
nas linhas do tempo!
REGINA
MOON (São Paulo/SP)
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QUANDO EU PARTIR
Quando eu me for,
por favor,
não exclamem: coitada!
Antes, quero-me maquiada:
olhos e boca,
faces rosadas.
Nada de palidez:
que me vejam como eu
gostava.
Quero o som da bossa nova
a embalar o sono eterno.
Nênias, dispenso.
Vou ao encontro de Nara
Leão
E seu violão,
Johnny Alf e sua brisa,
Elis e seu jeito
intimista.
No testamento, a lápide:
“Partiu prosa,
Poética no Céu”!
(ROSÂNGELA DE SOUZA
GOLDONI, Niterói/RJ)
@@@@@@@@@@@@@@@@@
TOCA-ME
Toca-me como se nunca
tivesse tocado outra
Descobre meu corpo e minha
alma...
Cansada e arisca...
Toca-me
Como se eu fosse a última
Descobre meus segredos e
abraça minha alma inquieta...
Toca-me de maneira que eu
nunca mais queria ser tocada
Descobre meu amor
escondido por entre máscaras
Em um misto de choro e
riso
Toca meu ser
Descobre minha alma
E abraça meu coração.
(SANDRA VIEIRA, São
Bernardo do Campo/SP)
@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@
OLHAR
DE ALMA
Tenho
a alma tão atrevida
Que
teima em ficar assim
Nua,
exposta, translúcida,
A
olhar por mim...
Essa
alma, tola feminina,
Esquece
o tempo e a idade,
Brincando
de ser a menina
Dos
olhos que traz saudade!
Incolor,
na retina se veste,
Cobrindo
a nudez do mundo,
Driblando
o espaço celeste...
Precisa,
num piscar de leve,
Deixar
a tona, ir mais fundo...
Lá,
onde ainda não se atreve!
(TELMA
MOREIRA, Rio de Janeiro/RJ)
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PROCURO
PASSAGENS
Neves
do tempo acordadas
Véus
de noivas e de anjos
Tramados
e bem tecidos
Por
renúncias devolvidas.
Procuro
passagens a esmo
Que
sejam para mim ainda que só
Onde
haja sempre um sorriso
Primaveras
beijando a brisa.
Os
fatos estão se unindo
Procurando
a realidade
De
teu ser para o universo
Seja
um povoar-se de estrelas.
(VANI
CAMPOS, Porto Alegre/RS)
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POEMAS
À FLOR DA PELE: 8 ANINHOS
Não
há como negar, a cada ano que passa a Poemas à flor da pele fica mais
viçosa, mais ardente, mais adulta, mais guapa. Não há como negar!
Pois
este ano, exatamente quando ela comemora seus oito anos muito bem vividos,
quero comentar como ela vem se conduzindo e sendo conduzida, a partir das
características psicológicas elencadas por estudiosos do comportamento humano,
mormente no que diz respeito a essa faixa etária.
Primeiramente
esta “nossa menina” demonstra neste momento de sua vida possuir uma grande
necessidade de crescer, manifestando interesse ímpar pela sua autonomia
interna, já que toda a organização associativa vem comprovando sua maturidade.
Com isso, sua personalidade vem se tornando a cada dia mais expressiva.
A
todo o momento sentimos sua consciência de si mesma enquanto entidade,
reconhecendo algumas das questões que a diferem das outras e não tem prurido
algum em expô-las. E isso a faz pensar e repensar sobre si mesma, sobre sua
situação no contexto literário atual.
Por
vezes, como qualquer menina de oito anos, costuma sentir-se como centro de
qualquer cena e dramatiza-se. Esperneia, choraminga, mas tem a consciência – e quer mesmo - que as outras instituições “mais adultas”
sejam parte do seu mundo, porém, deixando sempre claro que suas opiniões e
exigências são determinantes no processo.
Tem
procurado viver, no entanto, segundo as normas que disciplinam as atividades
das demais entidades congêneres. Tem consciência de que precisa seguir tais
normas até para poder afirmar-se como entidade madura nacional e
internacionalmente.
Sente-se
mais identificada com a família, isto é, sua diretoria, seus conselheiros, seus
associados, pois têm consciência de que esta exerce sobre ela uma influência
preponderante no que diz respeito ao futuro. Por isso mesmo é sensível aos
desacordos e antagonismos que se apresentam entre os membros da família.
Por
fim, ao completar seus oito aninhos de vida, esta “nossa menina” Poemas
à flor da pele necessita que as relações recíprocas com as outras
entidades se encontrem em equilíbrio, pois só assim poderá aprimorar suas
características psicológicas e físicas, vivenciar intensamente todos os anos de
sua vida e comemorar cada novo aniversário com saúde, força, fé, competência e
com muita festa.
(Pinheiro
Neto – Barra da Lagoa-SC, 21/03/2014)
X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X
LI E
RECOMENDO (7)
A
realidade e a ficção,
romance de Kátia Rebelo editado pela
Papa-Livro em 2013, conta a história de Isadora, uma professora de Literatura
que é convidada por Antero, o reitor, a lecionar pela primeira vez em uma
universidade.
No universo
do romance convivemos com a presença de três mulheres: Isadora, personagem principal, professora, escritora - autora do
romance que é lido e estudado por seus alunos, bem como por vários outros
integrantes do enredo; Isabela,
personagem do livro escrito por Isadora. Por vezes os alunos costumam confundir-lhes
a identidade e, por fim, Kátia Rebello,
a autora do romance ora recomendado e que têm as duas personagens mulheres
Isadora e Isabela. Ela, Kátia, mistura-se às duas personagens de forma
inusitada ao transitar pelo universo ficcional daquelas, amparada pelo processo
de elaboração da obra, que é seu, particular e (in) controlável. Nesse
universo, Kátia exercita o que Isadora afirma categórica: “finjo ser outra
pessoa enquanto escrevo”.
Isadora,
Antero e Ismael foram amigos de juventude e mantém ao longo do romance uma
espécie de triângulo amoroso: enquanto Isadora deseja Ismael, o primeiro homem
de sua vida, Antero tem por ela uma fixação quase doentia. Aliás, mesmo nos
períodos que ambos estiveram afastados - ela e Ismael - ela sempre o quis por perto.
Ao aceitar o
convite do reitor e “amigo” Antero, Isadora acaba aceitando também a oferta
dele para morar na casa até então
ocupada pela professora de Literatura falecida e a quem ela substituiu. Já no
primeiro dia, Isadora recebe o telefonema de uma criança que a confunde com a
tia morta. Esses telefonemas vão se repetir dali para a frente, deixando
Isadora apreensiva.
Pelo fato de
não morar na “casa dos professores”, onde residem as fofoqueiras Raquel e
Ludmila, o professor Falcão – espécie de
garanhão, segundo o ideário circundante – bem como outros professores, Isadora
vê-se invadida pelos comentários maldosos que a colocam ora como “a amante do
reitor”, ora como a “amante do Dom Juan” da Faculdade. Acaba por refugia-se
conscientemente na amizade de Falcão, que passa a assumir um papel de ouvinte,
quase confidente, em troca de massagens para fazê-lo conseguir adormecer –
especialidade de Isadora – já que sofre de uma “insônia aguda”. Com os
“encontros”, apenas para massagens e confidências, sem que nada mais íntimo
aconteça, o que vai criando um laço maior entre Isadora e Falcão, ela vai
“substituindo” o sentimento até então nutrido por Ismael. Como é de se esperar
(e até torcer) Isadora e Falcão, por fim, têm sua noite de amor: e tudo começa
com a inversão de quem é o massagista e quem necessita da massagem. Falcão
assume desta feita o papel de “massageador”, com o objetivo inverso, isto é,
deixar Isadora acordada.
É
interessante observar que o tratamento dado pela autora à “consumação” desse
episódio: fica quase em suspense, sem minúcias ou mesmices desnecessárias,
instigando e provocando o leitor. Novamente o que considero um corte cirúrgico:
na cena seguinte o leitor se depara com
Isadora saindo do apartamento de Falcão, de chinelo e roupão, sem
nenhuma alusão ao que possa ter ocorrido – e como – na noite anterior.
O contexto –
o ambiente universitário – é muito bem estruturado pela autora, bibliotecária
formada, com mestrado e doutorado, além de uma vasta experiência profissional,
o que a faz transitar segura e
cirurgicamente por todos os vieses. Tal contexto permite que uma história que
trabalha um tema comum supere-se o tempo todo e não se torne repetitivo, muito
pelo contrário, prenda e contagie o leitor.
Conforme Edwin Muir, em A estrutura do romance, editora Globo, 1975, “a correspondência
entre a ação e os personagens é tão essencial que mal se pode encontrar termos
para descrevê-la sem parecer exagerar; poder-se-ia dizer que uma mudança de
situação sempre envolve uma mudança nos personagens, enquanto toda a mudança,
dramática ou psicológica, externa ou interna, ou é causada ou é configurada por
alguma coisa existente em ambos.”
Um ponto
marcante do romance são os diálogos. Linguagem coloquial simples e cotidiana,
sem rebuscamento ou “frufrus” qualificam a autora como alguém que o faz com
segurança e maestria. Tal afirmativa denota suporte hodierno mas sem a pieguice
da avalanche das traduções “alienígenas”
superficiais e embotadoras que proliferam em nossas livrarias.
Final aberto,
como preconiza Umberto Eco, permitindo ao leitor viajar um pouquinho mais no
universo da história por conta e risco próprios.
VALE A
PENA LER!!!
X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X
NA
BARRA DA LAGOA
O luar era uma bênção
naquela calma noite de
verão.
Na Barra da Lagoa,
pequenas ondas
espreguiçavam-se na
areia morna da praia.
Uma e outra gaivota
retardatária
deixava delineado o seu
perfil
no prateado disco da lua
cheia.
O coaxar das rãs
era uma orquestra
natural
regida pela brisa suave!
Há uma eternidade a
paisagem se repete,
e, se alguém se recusa a
admirá-la,
o que se pode fazer?
(Edy Leopoldo Tremel, cadeira 01
Academia Catarinense de Letras, 2014 – especialmente para esta Confraria)
X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X
DA SÉRIE “NOSSA LÍNGUA”
EU JAMAIS DIRIA UMA COISA DESSA
Quem diz uma coisa dessas está precisando saber que este, esse e aquele (e suas variações), contraídos com de, devem sempre estar no plural, em
construções desse tipo. Portanto:
Eu jamais voltarei a dizer uma coisa dessas.
Quem é que vai pagar uma dívida destas?
Fizemos um esforço daqueles, e o Brasil continua em crise.
Um país destes
não pode passar por constantes crises econômicas.
Abre-se, então, uma revista, a melhor revista
nacional. Fica-se, então, sabendo, à pág. 30, que dias após o presidente
advertir toda a Nação: “Nada de traição ao País sob o pretexto de criticar o
governo” , uma repórter carioca faz esta pergunta a um ministro: “O senhor acha
que crítica é traição?”. A resposta vem fulminante: “Só um idiota poderia dizer
uma coisa dessa”.
Só um idiota poderia dizer uma coisa dessas.
Como os jornais, no dia seguinte, estamparam
manchetes sobre o assunto, o ministro se apressa em ligar para o presidente e
esclarecer tudo. A seu modo. O presidente, espírito sensato e apaziguador,
aceita as explicações do ministro, terminando o diálogo com palavras de
conforto: “Eu sabia que uma coisa dessa não
partiria de você”.
Eu sabia que uma coisa dessas partiria de você...
(Luiz Antônio Sacconi, Gafite, as gafes da atualidade, nº. 1, Nossa Editora, abril 87)
X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X
DA
SÉRIE “REPASSANDO”
ESTA CARTA DEVERIA SER LIDA POR TODOS OS CATARINENSES,
ESCRITORES OU NÃO.
Sr. Edgar Gonçalves Jr.
Editor-chefe do DC
No mês de julho o Diário Catarinense extinguia a coluna Contexto, (página 3 do Variedades), tradicional reduto
de cronistas catarinenses. Morriam, na ocasião, para os leitores do DC: Amilcar
Neves, Fernanda Lago, Ivo Müller e Victor da Rosa. Como também não sobreviveram
Urda Klüger, Flávio José Cardoso, Dennis Radunz, Fábio Brüggemann e tantos
outros.
Em seguida, o brilhante jornalista
Marcos Espíndola, catarinense de Itajaí, era despedido da Contracapa do DC, em
marcante crônica de adeus. Em 20 de agosto, a pretensiosa jornalista Carol
Macário, alegando jogar mX%$#
no ventilador para arejar mentes e trazer frescor à produção intelectual de
Santa Catarina, recomendava a leitura da revista Merda Magazine. Finalmente, no
último dia 24, Rafael Martini anunciava com
alegria o retorno ao time de
colunistas do DC de Luis Fernando Veríssimo,o gênio das palavras, em
suas próprias palavras. Substituía o talento de Juarez Machado.
Se não for guerra declarada aos
catarinenses, aparenta ser! Xenofobia de nossa parte? Alguém ousaria imaginar
algo semelhante no Zero Hora de Porto Alegre?
Cuidado! Catarina, a Santa, costuma se
vingar daqueles que usam seu Santo Nome em vão.
Atenciosamente,
João Carlos Mosimann
Escritor e historiador
X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X
CONFRARIA
DO [meu] POEMA-pn
Meu
jogo não é do riso
do
tabuleiro ou das cartas.
Meu
jogo é da emoção
que
rompe a imagem (in-ação)
ultrapassa
fronteiras
vontades.
É
imprevisto
choro,
verdade.
Meu
jogo é vento
soprando
o corte
marcando
o ventre
parindo
a dor!
(Pinheiro
Neto, Jogo 10, A rosa do verso, 1988, p.67)
PAPO NA CONFRARIA-pn: MIRO MORAIS ... Lucidez sem romantismos. - - Gostei da resposta à pergunta 3 e da conclusão na resposta 5.
ResponderExcluirDA SÉRIE POETAS MULHERES (3): Homenagem à “Poemas à flor da pele” ... Eu, “Poemas”, emocionada. Por mim, pelas selecionadas.
LI E RECOMENDO: A realidade e a ficção, Kátia Rebello ... além do resumo procurei ler a respeito da autora. Tem bagagem!
DA SÉRIE NOSSA LÍNGUA: “Eu jamais diria uma coisa dessa”– Luiz Antonio Sacconi ... gostei de rever.
POEMA: Na Barra da Lagoa, de Edy Leopoldo Tremel ... Há que ter olhos!
ARTIGO: “Poemas à flor da pele: 8 aninhos” Eu, há quatro na caminhada ... aprendizado.
DA SÉRIE REPASSANDO: Carta do escritor e historiador catarinense João Carlos Mosimann ao editor do Diário Catarinense ... Certamente!
CONFRARIA DO [meu] POEMA-pn: Jogo 10 ... o jogo da vida!
Pinheiro Neto, fiquei imensamente lisonjeada com a publicação de um dos meus poemas em teu Blog. Sabes da admiração que tenho pelo teu trabalho principalmente pela seriedade com que o conduzes. Teu Blog tem uma simplicidade plena de conteúdo que encanta quem o lê. Parabéns e muito obrigada por dar-me o prazer em fazer parte dele. Grande abraço, meu amigo!
ResponderExcluirGostei muito de tudo que vi por aqui. Blog formado de conteúdo que encanta e enriquece. Fico feliz de fazer parte dele, obrigada por ter publicado um dos meus textos. bj na alma!
ResponderExcluirQuerido amigo!
ResponderExcluirÀs vezes me pego pensando, de tantas vidas já vividas, quantas mais foram pedidas pra me saciar... Por absolutamente limitação humana, passeio pelos livros da minha estante, sorrio para os autores, fascinada pelos títulos, suas capas, suas cores. Prometo-me voltar... Minha leitura "quase" dinâmica nunca ajuda. A maioria (hoje) é de poesia e cada poema me rouba a alma, página por página, quando o autor vale a pena (as passadas rápidas são para os outros..) Parto-me em pedaços! Por que precisamos de tantos compromissos com a vida? Mas, não tenho mais idade pra virar a mesa ou chutar o balde. Na medida do inevitável, age-se pela maturidade. Ah...Antes de me perder nas leituras, quase me esqueço nesse seu visual bibliotecário (adoro!)... Finalmente (sem ponto final), atrevo-me nesse espaço seu, tão honrosamente me cedido, pra opinar... Mas, o que dizer? Talvez não fique explícito, talvez ainda não me atreva... Vou deixar um agradecido olhar escondido por aqui, atrás dalgum livro onde minha alma poderá ouvir muito mais e, sem pressa, dizer algo em reticências...
Carinho meu!
Estive aqui. Li e mais uma vez fico encantada com as postagens que são sempre de um alto nível. Beijos!
ResponderExcluir