quarta-feira, 29 de junho de 2011

Confraria da Leitura-pn Edição 22

O FASCÍNIO DAS PALAVRAS


“O fascínio das palavras”, livro que a editora José Olímpio lançou em 1991 foi, possivelmente a última grande entrevista concedida pelo escritor argentino Júlio Cortazar. Com certeza, a mais completa.
Assim que chegou em Florianópolis, tive a satisfação de adquirir um exemplar à época e hoje, ao revisitá-lo, vejo-me na obrigação de compartilhar com vocês minhas impressões. Tudo o que senti naquele momento volta à tona hoje com a releitura de tão significativa obra.
Após muitos encontros no apartamento de Paris, no segundo semestre de 1983, Cortazar abriu o coração ao jornalista uruguaio Omar Prego. O resultado é impressionante: um livro elucidativo sobre a obra do ficcionista, escrito em linguagem simples, direta, jornalística. Tudo isso sem perder o conteúdo e sem deixar de lado o aspecto humano.
A começar pelo título, o leitor se encontrará diante de uma grande revelação – a obsessão do escritor pela perfeição. Nessa longa e sincera entrevista, Cortazar disseca todo o seu fascínio pelas palavras e convida o leitor a refletir sobre temas como vida, morte e criação; jogo e compromisso político; jazz e tango; fobias, manias e vampirismo. A criatividade é marca registrada.
Trata-se de um volume fundamental para os estudiosos e leitores de Cortazar. Um momento especial na vida desse homem que produziu algumas das mais belas e instigantes páginas da literatura contemporânea.
Para o tradutor (e amigo de Cortazar) Eric Nepomuceno: “Este livro mostra muito, muitíssimo, do que Júlio foi. Uma conversa que flui solta e corre com limpidez, trazendo de volta a sua presença, com sua inquietação travessa, seus gestos largos, com todas as compostas de curiosidade abertas para o mundo, para a vida (...)”.
Originalmente lançado em espanhol em 1984, dois anos depois entrava no mercado francês, pela Gallimard, com tradução de Françoise Rosset.
O público leitor de Cortazar não pode perder este importante depoimento. Sua obra está traduzida para o Brasil e em 1991 foi lembrado o sétimo aniversário de sua morte.
Júlio Cortazar faleceu em fevereiro de 84, aos 69 anos.
O livro tem 220 páginas, a capa dessa edição é de Joatan Souza da Silva e traz várias fotos do autor quando criança, jovem e adulto.
Só para lembrar, seguem os livros do autor: O jogo da amarelinha; Os prêmios; Todos os fogos o fogo; Histórias de cronópios e de famas; 62 modelos para armar; Prosa do observatório; Octaedro, Bestiário, Alguém que anda por aí; Orientação dos gatos; O livro de Manuel; Fora de hora; Nicarágua tão violentamente doce; Os autonautas da cosmopista.



HOMENAGEM

Frei José de Santa Rita Durão, mineiro de nascimento mas vivendo em Portugal (1722-1784), teve sua obra intitulada “Caramuru” publicada em 1781. A seguir um pequeno fragmento de tão importante obra dentre as consideradas “prenúncios de romantismo, alguma coisa que representa na emoção mais sincera ou no aproveitamento de temas brasileiros, uma força renovadora ainda sem consciência de si mesma.”


“... Copiosa multidão da nau Francesa
Corre a ver o espetáculo assombrada;
E ignorando a ocasião da estranha empresa,
Pasma da turba feminil, que nada:
Uma, que às mais precede em gentiliza,
Não vinha menos bela que irada;
Era Moema, que de inveja geme,
E já vizinha à nau se apega ao leme.”


LAURO JUNKES

A Academia Catarinense de Letras realizou no dia 30 de junho, em sua sede, à Avenida Hercílio Luz, 523, em Florianópolis, a Sessão da Saudade na qual foi reverenciada a memória do escritor Lauro Junkes, ex-presidente daquele sodalício.
Falecido no dia 20 de outubro de 2010, Lauro Junkes foi titular da Cadeira 32, que tem como Patrono Manoel dos Santos Lostada (1860-1923).


MASC

O dia 30 de junho marcou também a reabertura do Museu de Arte de santa Catarina-Masc da Fundação Catarinense de Cultura, situado à Avenida Irineu Borhausen, 5.600, no bairro Agronômica, em Florianópolis. O evento foi marcado com a abertura das exposições “MASC: tempo, espaço e arte” (exposição de longa duração) e “Linhas Artísticas”, do acervo do próprio museu (de 30/06 a 30/08/2011).



POEMA ESPARSO III

Meus fantasmas
estão nus.

Presas aos tornozelos
bolas de ferro
enferrujadas de medo.

Soltas ao vento
sibilam correntes
em angústia e solidão.

Impotente cruz
mostra as chagas
do não vivido.

(Poemas à flor da pele, Pinheiro Neto, 2010)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Dois Poemas e alguns registros

BEM VINDO ( Blimer/2010)

Olá, sou sua solidão
E vim aqui somente pra dizer
Que não penso mais em você
Você me abandonou
Depois que se apaixonou
Por um cabide pendurado no armário
Você passou a olhar pra mim de modos diferentes.

(blimerknup@hotmail.com)



POEMA ESPARSO IV

Vou te entregar
o resto do meu tempo
numa bandeja.
Espero que o gastes
de maneira sábia,
de maneira louca
como aquele
que não vive o ontem
nem o amanhã.

(Poemas à flor da pele, Pinheiro Neto, 2010)

RECEBI E AGRADEÇO

1- Revista Literária A ILHA – Suplemento Literário, Nº. 116, um trabalho
sério e importantíssimo na divulgação da cultura catarinense e brasileira feito por Luiz Carlos Amorim.
2- Boletim do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA, Nº. 154.
3- Folha com poemas de Blimer, um poeta das esquinas, das sinaleiras, das ruas, que lembra o tempo dos mimeógrafos, das fotocópias, quando ainda fazíamos o poema passar de mão em mão gratuitamente, só para vê-lo circulando e lido.